segunda-feira, 31 de maio de 2010

CDI=COICE DE MULA

Segunda-Feira, 31 de Maio de 2010
Desulpem lá, mas hoje vou-vos contar um episódio, fresquinho:
Ontem de manhã encontramos na praia um meu conhecido e companheiro de caminhadas organizadas por uma Fundação do concelho onde vivemos. Esse companheiro é um distinto advogado da praça de Coimbra.
No meio da conversa veio à baila o nosso problema. Disparei: Dr. precisamos de aconselhamento seu. Precisamos de acautelar o futuro de cada um, uma vez que não temos mais herdeiros, mas há os outros... Quando quiser marcamos uma data.
Regressamos hoje à nossa residência. Estavam cerca de 35º. Estivemos recolhidos até ao lanche.
Depois um pouco mais fresco, fomos arrancar ervas de uma sebe que tinhamos começado e que por motivos óbvios ficou para tráz.
No mesmo local existiam umas couves, talvez com uns três anos, que era preciso arrancar. O chico esperto levou uma enxada. Arrancou algumas...
A determinada altura, pelas 19 horas, levei um autentico coice no peito que quase parecia de uma mula. Mas não era... Foi o meu grilho que disparatou e o CDI (cardio desfebrilhador implantável) lhe pôs o dedo no nariz: "tem calma, volta lá ao ritmo normal". Aquilo doi mesmo.
Passou, mas assustei-me e veio-me à memória a conversa com o meu amigo. Parece que tudo anda ligado...
Tenho consulta de revisão no próximo dia 14. Amanhã, como mandam as regras, vou ligar para lá dizer o que aconteceu, mas já sei qual vai ser a resposta: "não há problema, venha cá no dia 14..."
Temos que tratar de acautelar o futuro de cada um que gostaria muito que fosse junto...
Um abraço.
O pai Bártolo

domingo, 30 de maio de 2010

SÃO SÓ UNS FURINHOS


Andava a Susana na Primária, no Colégio de S. Teotónio, nos seus oito anos de idade, quando com uma colega, Natália, irmã daquela visita do dia de Natal, resolveram ir furar as orelhas.
Não perguntaram se podiam e os paizitos estavam descansados a trabalhar, nos respectivos empregos.
Era suposto haver um segurança ou continuo no portão do colégio. Ao que penso saber contornaram a situação passando pelo Episcopado que é vizinho.
Foram ambas a pé para a Baixa, cerca de dois a três quilómetros. Dirigiram-se à Ourivesaria Catarino, onde trabalhava o Sr. Luís que a Susana sabia ser nosso amigo. Ele também a conhecia. Olhe eu sou filha do Sr. B. e queria que nos furasse as orelhas para pôr brincos. São só uns furinhos. E os pais sabem? Não, mas depois eu digo…
Efectuado o trabalho que suponho não foi pago, dado o conhecimento dos pais, regressaram, novamente a pé, ao colégio. Voltaram a fintar o porteiro e ninguém se apercebeu.
Claro que o Sr. Luís nos informou.
Mais tarde viemos a saber que ela gostava muito de umas arrecadas que a avó Irene, minha mãe, usava. Não sei onde foram parar, mas para ela não foram…
Obrigado por me aturarem.
O pai Bártolo

sábado, 29 de maio de 2010

ESPERTEZA ASININA

TUDO UMA QUESTÃO DE ESPERTEZA ASININA

Os animais são espertos, mesmo os burros, senão vejam:
Quando eu andava pelos meus dez anitos, fui com uma cunhada minha levar uma irmã dela que, sendo professora de escola primária, fora colocada numa escola de Santulhão, bastante longe de Tó, a nossa terra.
Nessa altura não havia automóveis, disponíveis e os “carros de aluguer” eram escassos.
Não havia igualmente estradas e os caminhos não passavam de carreiros, muitas vezes enlameados.
A ida de carro, se o houvesse, daria uma volta de várias dezenas de quilómetros. Por isso, o meio de transporte mais rápido e adequado eram os animais.
Assim, bem cedo de um dia que alguém determinou, lá vai o puto de 10 anos armado em protector de duas senhoras.
Lembro-me que de Tó fomos direitos a Sanhoane, talvez pela serra da Castanheira, por carreiros de cabras, passamos o rio angueira (?) até que chegamos a Santulhão, já no concelho de Vimioso.
Descarregados os pertences, toca de montar nos dois burros ou burras, para o regresso a Tó, pelo mesmo caminho.
Noite escura como o breu, os burros sem luz e nós sem uma simples lanterna, não se via nada à frente do nariz.
A determinada altura o caminho abria-se em dois. A burra, mais esperta que nós, queria seguir pelo da esquerda. A minha cunhada insistiu: “não é por aí, vai pelo outro”. E fomos, só que passado um bom bocado chegamos a uma aldeia que não estava ou devia estar no percurso e cujo nome já não recordo. Já perto da meia-noite, vimos luz numa casa e batemos à porta.
À boa maneira transmontana esta abriu-se e, explicada a situação, foi-nos dada alimentação e abrigo. No dia seguinte continuamos…
Então os burros não são espertos, mesmo puxando para a esquerda…
Tudo isto me veio à memória por que tenho andado a espiolhar os blogues lá da terra e tenho visto alguns escritos acerca dela com bastante interesse.
Muito obrigado ao meu “amigo” do mogadoyro, isto é para si, por me ter feito lembrar a minha infância.
O pai Bártolo

sexta-feira, 28 de maio de 2010

Não me esqueci...

Sexta-feira, 28 de Maio de 2010
Pois é verdade. Ainda ando por aqui, mas noutras actividades. Tenho andado a ver alguns dos escritos da Susana, em que já consegui entrar, mas tal como calculava, já foram publicados. Faltam ainda os cadernitos que vou lêr e tentar transcrever. Peço desculpa aos seguidores, mas imaginem que ainda ando a tratar de papelada...
Só uma noticia: a Raquelita já casou, diz que está feliz e que, depois dos exames que fez e consulta, lhe disseram que não havia nada de mal.
O pai Bártolo

domingo, 16 de maio de 2010

SOLIDARIEDADE...

Domingo, 16 de Maio de 2010

SOLIDARIEDADE, DESCARAMENTO OU OPORTUNISMO

Só para que conste, e estas coisas surgem aos poucos, vou referir uns eventos relacionados com solidariedade.
Durante o longo período da doença da Susana, como já referi, houve necessidade de adquirir diverso material hospitalar, desde a cama, às cadeiras e outras coisas.
Na primeira vez que foi preciso usar uma cadeira de rodas, dirigi-me ao C. S. de S. Martinho do Bispo pedir que me emprestassem uma, onde sabia existirem. Foi-nos posta à disposição acabando por não ser precisa. Contudo, quando estava a falar no assunto com uma funcionária, apareceu uma outra iluminada, ao que julgo saber, responsável pelas compras ou coisa assim, que sem que ninguém lho perguntasse atirou para o ar: “Se quiser que a cadeira seja comparticipada, terá que apresentar três orçamentos”. Resposta imediata: “ó minha senhora, acha que por 200 euros vou andar a pedir orçamentos? Fique lá com a ajuda e entregue-a a quem nunca fez descontos…”
Já no outro hospital, onde foi assistida, foram-se conhecendo diversas pessoas com quem se desabafava. Assim, veio à baila a necessidade de ter em casa uma cama hospitalar. “Se quiserem podem levar uma daqui, das que foram substituídas por novas. Só têm que arranjar transporte”. Sabia que a Susana não gostava daquelas camas, agradeci e rejeitei. Poucos dias antes do falecimento que ela, tal como nós, sabia que estava para breve, em conversa casual: “olhe, depois, posso receber as cadeiras e outros objectos para as oferecer a quem precisar.” Desculpe, mas já têm destino. Muito obrigado pelos 60 euros de oferta da Liga, mas se quiser devolvo-lhos.
Lembram-se daquela administrativa do C.Saúde que não sabia tratar das receitas do oxigénio líquido e nem se importou em resolver o problema?
Pois, passado algum tempo do óbito tive que voltar lá. “Olhe, eu imagino que não vão querer ficar naquele apartamento, podiam alugar-mo”. Não, não alugamos. Vamos despejá-lo para vender. “Então se quiserem eu aceito tudo desde mobílias, até roupas e outras coisas…” Santo Deus…Imaginem só… “Ó dona G. deixe lá, não se preocupe que sei muito bem qual o destino que hei-de dar às nossas coisas, mas de certeza que não serão para si.
Com amigos destes…e com esta solidariedade não vamos longe.
Claro que algumas coisas já foram doadas a uma instituição de que os três somos sócios. Outras precisam ainda de ser escolhidas para isso.
Obrigado por me aturarem. O pai Bártolo

sábado, 15 de maio de 2010

TÓTÓ

Sábado, 15 de Maio de 2010
Olhem o que acontece aos totós:
Como já disse, nunca quis entrar nesta coisa das novas tecnologias, mas o que tem que ser tem muita força.
Por outro lado não quero tomar como “meu” este Blogue que é, e continuará a ser, da Susana. Continuo a escrever nele, como sei, alimentando-o com o que me vou lembrando, sem qualquer pretensão de a substituir.
Pois, como ia dizendo quando me vi com isto nas mãos fui pagar a última factura, informei o que se passara e que nada percebia disto. A funcionária, disse que para mim bastaria uma banda larga pré-paga… Alinhei. Já verifiquei que gasto mais e ainda por cima fiquei sem saldo. Ali, onde moro agora não há Multibanco e também não tenho qualquer conta aberta na net. Simplesmente totó…
Mas já aprendi e lá para o fim do mês vou voltar à pós-paga de 6Mbps para “navegar” à vontade. Um Abraço. O pai Bártolo.

terça-feira, 11 de maio de 2010

QUEM É A SUSANA?

Terça-Feira, 11 de Maio de 2010
Perguntado assim quase parece uma pergunta de um estranho. Mas não é. Foi a sua "mãe guerreira" que me perguntou. Lembram-se de a Susana ter escrito que andou a fazer fisioterapia para "recuperar" os movimentos da perna. Isso acontecia a cinco minutos de casa. Levava-a lá e para não ficar a secar voltava para casa e depois voltava novamente. Nesse dia tive que tratar de uns assuntos e demorei mais um pouco. A "mãe guerreira" ficara a tratar do almoço. Quando entrei vi o fogão desligado e fui à procura da mãe que encontrei na cama, muito sossegada e apática. Desconfiado de que algo estava mal fiz umas quantas perguntas. Apercebi-me que estava tudo errado. Ai que eu estou lixado... Ficas aí quietinha que em vou buscar a Susana. Então veio aquela pergunta. A Susana é a nossa filha e está a fazer fisioterapia. Aceitou sem comentários. Não saias daí, que eu não demoro. No regresso informei a Susana do que se passava. Nessa altura ainda se movimentava embora com dificuldade. Vais ter que aguentar. Trata é da mãe, retorquiu. Os 33% do meu coração mais a maquineta aguentaram. Levei-a às urgências do H. Covões. Depois de longa espera e de algumas idas a casa e ter telefonado a um vizinho para ir ver a Susana, com o diagnóstico de síndroma vertiginoso fomos encaminhados para uma consulta nos HUC, ainda nesse dia. Saímos de lá pela noite dentro. A "mãe Guerreira" tinha apagado. Ainda hoje há coisas de que não se lembra. Foi medicada, vai-se arrastando. Mais tarde ocorreu outro hipisódio, também descrito ela Susana.
Normalmente o grilo avariado aguenta o primeiro choque, depois vem a ressaca com quedas bruscas de tensão e quase desmaios. Mas já lhe conheço os sinais e não deixo avançar... quando posso. Mas isso é outra historia. Talvez um dia a conte. Mas isto tem a ver com a Susana, não comigo.
Tinha prometido que publicaria mais escritos da Susana que encontrasse. Pois como ela disse os "textos intragáveis" do "LIVRO AO VENTO", como ela o chamou, era mesmo o fim. Não há mais... não o chegou a concluir. Encontrei mais um documento, também com password. Tenho que pedir ao meu afilhado, Engenheiro Informático, que mo descodifique, e depois e verá. Há ainda os escritos nos caderninhos que tenho que analisar, não é censurar... e depois darei noticias.
Como sabem não percebo patavina disto. Não sei se é este o sitio próprio, mas gostava de deixar aqui um grande abraço de agradecimento a todos aqueles amigos da minha filha que nos têm continuado a acompanhar e a dar ânimo. OBRIGADOS. O pai Bártolo

segunda-feira, 10 de maio de 2010

DOIS MESES

SEGUNDA FEIRA 10 DE MAIO 2010

Exactamente às quinze horas de hoje a Susana deu o seu último suspiro. Hoje acordei com a "telha". Depois concluí o que seria. Passaram dois meses igualmente dificeis. Tentamos passar ao lado, sem o conseguir. Tivemos que esvaziar o apartamento de Coimbra ( um 3T Duplex totalmente mobilado, com 2 garagens que também serviam de arrumos). Agora imaginem o que é meter tudo aquilo numa pequena vivenda e num T2. Devo agradecer aos funcinários da transportadora que encavalitaram tudo de modo que ainda arranjaram espaço para o carrito. É que na praia não se deve abusar e deixar os automóveis na rua. Com muito esforço e quase uma tonelada de papel no lixo, conseguimos limpar o andar. Está à venda. A Susana não precisa dele (tinha sido comprado para ela) e nós nem sequer conseguimos lá entrar. Hoje viemos da praia, passamos pelo cemitério, está tudo bem. passamos ela caixa do correio, ara onde nada mais deve ir, uma vez que pedimos, nos Correios, o reencaminhament o de toda a correspondência para a nossa morada oficial. Espero que o eventual comprador não peça para voltar lá. Entretanto no passado dia 28 de Abril tive consulta de cardiologia (insufiencia cardiaca). Vou fazer vários exames para se saber se a canalização está boa. Como ía dizendo a Susana faleceu a esta hora com nós dois a segurar-lhe as maozitas e uma lagrima a sair de cada olho... Um abraço. O pai Bártolo

quarta-feira, 5 de maio de 2010

O Portátil da Susana

Quarta-Feira 4 de Maio de 2010
Pois como dissera o portátil da Susuna foi ao médico. Estava muito doente, cheio de virus. Foi todo "re-instalado". Olhem, não percebo nada destas coisas... Deram-lhe alta e ontem fui levantá-lo. Não encontro grande partes dos documentos que ali estavam escritos pela Susana e nem sequer consigo aceder à NET, a partir dele. Tem que voltar lá. Vou continuar a tentar recuperar os documentos. Se o conseguir e vir que têm interesse publicá-los-ei, como prometido. Irei tentando descrecer o que se passou e a Susana não disse. Obrigado. O pai Bártolo

segunda-feira, 3 de maio de 2010

OXIGÉNIO

2ª FEIRA, 3 DE Maio de 2010

Está um vento muito forte e frio lá fora, por isso estou aqui a escrever, como tinha prometido, sobre o que se passou com o OXIGÉNIO.

Aí vai:

Conforme a Susana já o descreveu, numa manhã que já não sei precisar, sentiu que não estava a respirar bem. Acabou por se deixar convencer a ligar par o seu médico assistente do IPO. O veredicto foi rápido: “vem para cá que eu espero por ti”. Era uma sexta-feira em que não dava consultas. Nessa altura já a Susana não andava. Era preciso descê-la e subi-la do 1º andar, a sua residência oficial e que fora a nossa até do dia do diagnóstico, Outubro de 2006: “A Susana tem um cancro maligno no pulmão, vamos ver se é possível operá-la”. Como ía dizendo, era preciso descê-la daquele 1º andar e transportá-la para o IPO. Sucedessem-se os contactos com os transportadores, em ambulância, sem que alguém estivesse disponível. Ligou-se para o 112, explicou-se a situação. Chegou uma equipa. Estabilizaram-na, pois a sua oxigenação estava muito em baixo. O pulmão que restava não estava a funcionar bem. Desceram-na, instalaram-na na ambulância e nós, pais, arrancamos, à pressa, para o IPO para arranjar uma botija de oxigénio. A meio caminho recebemos um telefonema da Susana: “tens que voltar para traz, pois os paramédicos não têm autorização para me levar ao IPO, por que não tem urgências”. Voltamos. Meteram-na no nosso carro, estabilizaram-na e porque sabia o que é a falta de ar, fui na “brasa” para o IPO. Aí chegado subi os quatro andares a pé, por que os elevadores estavam ocupados e demoravam, à procura da tal botija, acabando por encontrar uma no Hospital de Dia, onde felizmente, neste caso, para mim já me conheciam. Uma botija daquelas pesa certa de quinze quilos. Elevadores ocupados e o tempo a passar. Desci a pé com a botija. Entretanto encontro o seu médico, “Dr. Rezingas”, como a Susana lhe chamava, com uma cadeira de rodas: “onde está a Susanita”, pergunta. Descemos os dois e ele próprio a retira do automóvel. Aplicado de imediato o oxigénio, seguiu-se consulta. Daí em diante ficou com oxigénio permanente, a dois litros. Depois de emitida a respectiva receita, tratou-se com uma das firmas do sector, instalar, em casa o respectivo equipamento: um aparelho que produz oxigénio, uma botija enorme para prevenir faltas de electricidade e uma botija mas pequenina para deslocações.
Tudo correu normalmente bem até que uma das vezes foi preciso substituir a tal “pequenina” das deslocações: levaram uma que devia pesar cerca dos 20 quilos. Agora imaginem a dificuldade que é para transportar uma doente com uma botija destas numa cadeira de rodas… Aquele Sr. Doutor, indignado: “isto não pode ser, vou receitar Oxigénio Liquido”. Para quem não sabe o oxigénio líquido é carregado, em casa, a partir de um contentor grande, num outro mais pequeno que pesa cerca de um quilo e que se transporta ao colo ou pendurado em qualquer sítio.
Mas o pior estava para vir: “leva esta receita ao Centro de Saúde” para eles tratarem de requisitar o oxigénio.
Claro que o pai Bártolo ainda nesse dia foi ao C. Saúde de São Martinho do Bispo. Apresentado o problema ninguém sabia como se processava. Apareceu um médico diferente que disse que tinha que se transcrever para o modelo verde com o número qualquer coisa. Assim foi feito nas calmas. Resta esclarecer que aquele Centro de Saúde, não tem autonomia administrativa nem financeira, ao que me vim a aperceber. Depende do Agrupamento do Bairro Nortão de Matos. A tal receita no impresso verde foi rejeitada e passados mais de vinte dias ninguém dizia nada. Entretanto já o pai Bártolo tinha mandado instalar em casa o referido oxigénio líquido. Alguém havia de pagar, nem que fosse eu. Como ninguém dizia o que se passava dirigi-me à ARS Centro à procura de respostas. Já não existe Gabinete do Utente para estes casos, mas uma senhora simpática que já trabalhara no dito Centro de Saúde, apercebeu-se do problema e acabou a ligar para a Sr.ª Directora do Agrupamento. Eu tinha antes perguntado se poderia falar com ela: “não, não recebe ninguém, é intratável”. Na minha ex-profissão nunca tive medo destas pessoas. Sempre enfrentei as situações e resolvia-as. No dia seguinte, já perto das 17H00, por que nada me era dito, liguei para o Nortão de Matos. Imediatamente a Sr.ª Secretária, muito simpática, me transferiu para a Sra. Directora que simpaticamente diz: “já sei do problema. Está muito longe?, pode vir cá agora e trazer uma cópia de receita”. Claro que podia. Tinha ido à farmácia a cerca de 500 metros de casa. Demorei cerca de dez minutos. Recebeu-me imediatamente. Viu a receita e disse que ia ligar ao médico de família da Susana para a transcrever para um impresso publicado numa Circular de 2006 da DGSaúde e que depois lha levasse lá para despachar. Claro que já era tarde. No dia seguinte de manhã, munido de cópias daqueles impressos e da receita, fui ao C.S.S. Martinho. Informei a Sr.ª Administrativa do que se passara e que pelo meio-dia ia levantar a receita. Assim fiz. Como já esperava nada tinha sido feito por que o Sr. Dr. não tinha recebido qualquer telefonema, embora soubesse o que se passava… Nesse dia, a meio da tarde, um funcionário daquele Centro, que nos conhece, ligou-me a dizer que tinha lá uma receita. Imediatamente fui lá. Tive que conferir tudo, já que havia vinhetas trocadas e falta de assinaturas. Fui de imediato ao Agrupamento onde a Senhora Doutora “intratável” interrompeu uma reunião e em menos de dois minutos autorizou o pagamento.
Infelizmente a Susana usou aquele oxigénio apenas duas vezes.
Quis relatar tudo isto, em pormenor, por que sei que muitas pessoas, a precisar, que não podem ou que não têm quem o faça, por se amedrontam perante a prepotência, ignorância e incompetência de alguns destes actuais funcionários.
Tenho vergonha desta gente. Já o fui e quando não sabia alguma coisa ía à procura de respostas e as pessoas eram imediatamente informadas. Assim não.
Obrigado por me aturarem. O pai Bártolo

Apresentação

Segunda-feira, 3 de Maio de 2010

Apresentação

Desculpem-me os caros blogers por não ter começado por me apresentar.
Sou o pai da Susana Bártolo. Apesar de já não ser jovem estou agora e entrar nestes circuitos da NET um tanto forçado pela herança que acabei, involuntariamente, por receber. Quando ainda trabalhava, há cerca de doze anos, nos “meus” serviços ainda se usava o sistema DOS que, apesar de tudo, já era um bocado diferente de fazer um relatório de cerca de 200 páginas numa messa ou remington… Os tempos mudaram e tudo foi modernizado e ainda bem, nalgumas coisas... Pois, como ía dizendo, agora fui forçado a mexer nestas coisas de que tentei fugir.
Como devem saber a Susana escrevia muito. Deixou alguns documentos Word com palavras-chave, que já consegui decifrar. De outras coisas deixou todos os acessos num livrinho que escreveu para os seus pais.
Ela sabia, tal como nós, de tudo e todos os passos que teria que percorrer. O seu estado foi-se degradando de dia para dia, começando pelo andar, depois o simples respirar e outros movimentos. A partir de 24 de Fevereiro, passado, o seu estado agravou-se visivelmente, uma vez que o dito cujo subiu ao cérebro alternando o seu estado com momentos de lucidez e outros em que estava toda baralhada.

A propósito de “respirar” um destes dias informarei o que se passou com a prescrição do oxigénio liquido, pelo menos, para que sirva a outras pessoas. Fizemos o que podíamos e sabíamos. Quando isso não acontecia, informava-me. Sabíamos exactamente que o desfecho seria o que ocorreu a 10 de Março, mas mesmo assim não desistimos. Na última vez que a mudei da cama para cadeira, fiquei a saber que a Susana não regressaria. Os seus fraquinhos braços já não conseguiram segurar-se no pescoço do "paizito" para, com o auxilio de um transfer, executar aquela manobra. Além do mais, essas coisas sentem-se…
Mas, voltando a traz, levei o portátil da Susana à “Clínica”, informaram-me que o problema não era grave e já está reparado. Espero que nada se tenha perdido do que ela escreveu. Vou ver e depois partilharei tudo com todos os que foram seus amigos e a ajudaram a suportar todo aquele sofrimento.

Com o que deixo dito não quero nem desejo que me julguem um herói. Fizemos o que quaisquer pais fariam. É a nossa obrigação. Foi o que me foi ensinado há muitos anos. Agora não sei como é, não sei muito bem viver com estas "amplas liberdades". Desculpem o desabafo. OBRIGADO. O pai Bártolo

sábado, 1 de maio de 2010

O final chegou

01 de Maio de 2010
Pois é. Não sou tão bom escritor como o era Susana. O feitio é igual. O que se tem para dizer diz-se na cara. Era minha filha a quem me orgulho de ter transmitido bons principios. Infelizmente ao fim de quatro longos e dolorosos anos faleceu no passado dia 10 de Março. Estou a tentar aprender a mexer nesta coisa e a recuperar o portátil dela, onde sei que escreveu várias coisas que queria publicar. Se o conseguir fá-lo-ei com todo o gosto, pois sei que era a sua vontade. Desde já vos digo que sempre soube de tudo, o que ela suspeitava. Fizemos tudo o que estava ao nosso alcance para, sobretudo, lhe minimizar o sofrimento. Muito obrigados por terem sido seus amigos e terem acompanhado quando mais precisava.