sábado, 28 de fevereiro de 2009

Texto Intratável de Hoje - "Segunda Carta para o Anjo"



Segunda Carta ao Anjo

Uma tarde fui até à beira-mar e escrevi-te o seguinte:
E virei outra página. Aterrei noutra história parva. Vim aqui para ter mais luz e para ver se encontrava o verde dos teus olhos. Só que o mar está azul, azul de Inverno.
As ondas batem na mesma areia, que se arreda e volta ao seu lugar. As ondas continuam e insistem, embora se desfaçam em espuma e ar cada vez que julgam chegar a terra firme.
Eu insisto, mas tu escapas como areia, e de mim fica o mesmo da onda espraiada - nada! Ficas incólume. Tanto faz que eu tenha vinte centímetros ou dois metros. Em ti não causo nada.
Talvez já tenha tido algum efeito, há uns meses. Não te dei a entender porque havia tanto por resolver na minha vida (e que eu não sabia resolver) que fui adiando, para que não te fizesse mossa alguma. Tanto adiei, tanto neguei, que te fartaste. Isto é o que eu penso que aconteceu. Não tenho certezas. E tu não mas dás. Para ti é assunto encerrado, não é? Passou, perdeu a graça ou encanto e acabou. Acabou sem ter começado. E quando tive oportunidade, estraguei. Pensaste que eu queria dominar a situação, mas não era isso. Eu estava com pressa. Tinha urgência em sentir-te de outro modo, tinha esperança que baixasses as defesas, mas nem um segundo consegui perceber que isso tivesse acontecido. Talvez se me tivesses olhado nos olhos, mas evitaste. No entanto, vieste até mim, de longe (tudo bem que ficava em caminho para o dia seguinte, mas isso era no dia seguinte!), aturaste os meus pedidos e depois fugiste... com os teus olhos verdes e com a tua alma para dentro do teu castelo e fechaste-me o portão e também a ponte levadiça. Eu, como sou baixinha, não sei pular muralhas, nem sequer sei atacar ninguém.
Nem quero. Eu também já me fechei assim, há uns anitos atrás. O resultado foi que agora estou dentro de um castelo abandonado, quase em ruínas. Quando choro ninguém vê, e se alguém visse acharia que era justa paga para o meu modo de ser. Sou bruta, respondo mal... porque só sei ser assim. Se tu me visses por dentro... Assustar-te-ias, pois verias um reflexo assustadoramente familiar. Já não sou criança nenhuma, meu Anjo. Chamo-te Anjo porque me acordaste de um estúpido torpor, igual a essa animada e voluntária inconsciência que teimas em viver em relação aos sentimentos. Porque me fizeste ver a dor que se pode causar nos outros quando não queremos que se aproximem de nós. Mas sei reconhecer muito bem alguém de quem gosto, mesmo sabendo pouco. Há tantos hábitos meus de que nunca te falei e que são compatíveis com os teus. Há tantos medos que são também os teus. Vês este medo de falar? Não consigo alcançar-te, tal como quando tu me escrevias a meio da noite e eu a dormir. Eu tinha medo de me magoar, de não estar certa do que sentia. Eu não queria sentir. Agora, dez mil anos-luz depois, estou certa e tu magoado. Eu não te neguei, meu Anjo, só tinha medo de me magoar e de te atrapalhar a vida. Acabei por fazer as duas coisas, por ordem inversa e em momentos errados. Se fossem certos, não aconteciam assim, claro. Não, eu não estou bem, não! Estou sem saber o que fazer, perfeitamente perdida. Deixei passar.
Alguém poderia dizer “se passou depressa é porque não importava”. Mas quem diz isso nunca sentiu como tu ou eu. Há pessoas que têm um coração simples e nunca magoado. Nós não somos desses. Já amámos e já sofremos. Agora nada parece resultar. Eu entrei de rompante e dei-te cabo do telhado, assustei-te e agora foges de mim. Eu faria o mesmo, sabes? Sem querer, já o fiz em tempos. Só não imaginava que podia doer tanto.
Mas... continuo a gostar muito de ti. Já chorei muito por ti, por estares a sofrer, por não estares feliz, por perderes o emprego. Agora talvez vá chorar por mim, longe de tudo e de todos, dentro do meu castelo abandonado. Aquele que tu visitaste mas não viste com atenção. Aquele que te parecia um palácio ao longe, mas ao perto te pareceu um monte de pedras e gelo. Pode ser que um dia queiras vê-lo. Nesse dia, estará lindo, com todo o seu recheio no lugar à tua espera. Vai parecer feio por fora, mas tu nem sonhas as pinturas que vão por aqui.
Não quero tentar mais nada porque não quero o teu desconforto. Vou mesmo esperar que voltes a ser o amigo de antes.
Tu e os teus olhos verdes vão saber ver.
Se não for verdade, eh pá, enganei-me à grande.
Beijinhos, fofinho das minhas madrugadas.


Joana

P.S.: Este mar é como tu - parece sereno, não pára quieto, é imenso. Às vezes vê-se o verde, outras vezes esconde-se. Sempre aqui, mas em movimento.


*****

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Texto Intratável de Hoje - "Primeira Carta para o Anjo"


Primeira carta para o Anjo

7 de Março de 2003

Olá Anjo.
Obrigada por te dares ao trabalho de começar a ler isto. Não pretende ser uma lavagem cerebral, até porque isso não resulta contigo. Não é uma fuga, mas sim uma tentativa de te dizer o que nunca tive oportunidade de dizer. Sempre gostei mais de te ouvir contar as tuas histórias e graças. As minhas não teriam metade do interesse. Gosto mais de ouvir. Gosto e preciso de aprender.
O sistema de aprendizagem passou a ser “cabeçada e lição”. O problema deste sistema é que pelo caminho se vai dando cabeçadas em pessoas que não têm culpa de nada.
Em miúda, eu brincava com os rapazes vizinhos, já que não havia miúdas do mesmo tamanho. Bicicletas, bonecos e bola. Eu era gorducha e travava nas descidas. Escondiam-se todos de mim e quando eu finalmente chegava pregavam-me valentes sustos.
Pareço um animal de circo treinado para cumprir horários, ser eficiente, ter uma função. Não percebo nada de conviver, rir, divertir-me sem relógio, aceitar elogios e muito menos acreditar neles. Podias dizer agora que tenho idade para ter juízo e já devia ter alterado isto.
A minha primeira paixão assolapada foi aos catorze anos. Os meus pais descobriram pela directora de turma e lá veio sermão e castigo. Naquele tempo era giro esperar pelo carteiro. Não havia telemóveis. Fartei-me dos castigos e dediquei-me aos estudos e ao snooker, até aos dezassete anos.
Dezassete anos. Apaixonei-me estupidamente por um rapaz que era muito divertido e que tinha várias namoradas ao mesmo tempo. Claro que demorei um bocado a descobrir, porque ele não era de cá. E eu acreditava nas pessoas. Bela desilusão. Demorei dois anos a voltar a responder a perguntas masculinas. Estava a ficar ligeiramente alérgica a mentiras dos senhores.
Posso dizer que nenhum dos ex-namorados ficou traumatizado. Estão todos muito bem. Acho que tenho um efeito estranho nas pessoas, dou-lhes cabo da cabeça, curo-lhes os medos e eles (poucos) vão à vida deles. Eu fico a remoer a história, tentando perceber o que aprendi, e a tentar levantar-me do último espalho.
Isto até pode parecer um filme, mas não é. Não consigo ordenar os pormenores que se foram avolumando no espaço do meu cérebro. Não te consigo explicar como fiquei assim. Não gosto de tudo. Deves pensar que falo de mais, que não devia estar a dizer-te estas coisas. Estou a dizer-te a ti. Fazem parte de mim e modificaram-me sempre um pouco quando aconteceram. Quanto a isso não posso fazer nada. Há uma flor que só nasce na época do Natal, durante o resto do ano, resume-se a umas folhitas verdes mal amanhadas. Mas a flor é muito linda. Mas isso não tem nada a ver comigo, eu sou mesmo um cacto.

Despedi-me de ti com dois beijos. Foi por um milésimo de segundo que não te beijei mesmo, pois estavas mesmo a pedi-las. Achei que era melhor pensar duas vezes, antes que fugisses a sete pés por me achares atrevida, sei lá. Penso que tu gostas de caçar e não de ser caçado, passando a expressão.

As mensagens que me enviavas eram lindas. Primeiro achei que eras atrevido. A primeira foi aquela “As abelhas fazem-no, os passarinhos também,... Porque é que nós não...? Esquece, nenhum de nós sabe voar”. Era tão bom acordar de manhã, ligar o telemóvel e ver que te tinhas lembrado de mim de madrugada. Era como um segredo meu. Pode ser patetice, mas era acordar, virar-me para o lado e ver um lindo ecrã azul com palavras tuas. Eram beijinhos molhados (piadas de filmes). E era tão mau ter um telemóvel que ia abaixo e quase nunca tinha rede (agora este funciona muito bem mas não tem grande utilidade!). Até me ocorreu que era simpático de mais para ser verdade, ou que estavas interessado num tipo diferente de amizade, que eventualmente me achasses...gira, mas também pensei que te tivesses enganado no número. Nunca me vais dizer, pois não? Tenho tantas saudades. Não te respondia porque estava a dormir a essas horas. Depois habituei-me acordar de hora a hora para ver as novidades. Foi quando deixaste de mandar beijinhos. Se vivesse sozinha telefonava-te mesmo, só para te ouvir. Ou nem seria preciso telefone nenhum. Lembras-te de uma noite de sábado para domingo, que estivemos nessa brincadeira até às cinco? Essa foi há pouco tempo. Bem, agora tomo comprimidos para dormir outra vez, depois de desligar o telemóvel e deixá-lo longe da cama. Dói muito saber que não há um cantinho para mim nos teus dias e noites. Mas também não sei se só um cantinho me chegava. Habituaste-me mal.

Na Noite de São João é que foi lindo. Às 02h16m aproximadamente, acordei com som de mensagem. Era tua e dizia “Vá lá, não te faças de difícil. O que eu quero mesmo é fazer amor contigo”; eu ri-me, não de gozo, mas mesmo de... alegria, até ter pensado que podias ter trocado o número. Respondi-te algo do género “abençoadas sardinhas!”. Na tarde seguinte, liguei-te e não quiseste ir beber um café. Encontrei-te mais tarde e deu-me vontade de te bater porque afinal só tinhas dito aquilo por estares bêbedo! Palavras tuas. Isto é, no teu perfeito juízo nunca dirias tal coisa, nunca te passaria pela cabeça que eu pudesse gostar da ideia. Pior, quase parecia que a ideia era horrorosa para ti. Foi isso que me irritou, não foi o paleio da mensagem. Devias ter aceite o café. Porque depois fiquei tão sozinha que me lembrei de beber um whisky depois de jantar, adormeci e acordei quase de manhã ainda no sofá!

Sabes que há sempre pessoas que nos rodeiam que se podem tornar perigosas, mesmo que não queiram? Sabes o que eu ouvia várias vezes por semana? Que a M. não tinha dormido em casa outra vez, e que tu a tinhas ido levar de madrugada, ou lhe davas boleia de manhã. E que tenho eu a ver com isso? Ouvi isto dezenas de vezes. Tanto que começou a fazer-me urticária e pior que isso, o que eu não estava à espera: ciúmes. E ciúmes de quê? Com que direito? Ao mesmo tempo lá andavas tu a convidar-me para sair, mas naquela fase em que acontecia sempre um incidente qualquer, lembras-te? Eu até já aceitava os convites e tudo, tu é que acabavas por desaparecer. Uma vez acabei a jantar sozinha, porque já não tive cara para voltar cedo para casa.
Comecei a achar que te escapavas com bastante agilidade. Depois pensava cá para mim: se ele é sempre directo, só está a agir assim porque agora tem mais que fazer; ou está a ser gentil porque trabalhamos no mesmo sítio; eu atrapalho-o? O.K. ele nem te vê!

Cheguei à conclusão que não era paixoneta minha simples por causa dos ciuminhos horrorosos que senti, da necessidade de estar contigo, pela conversa, pela partilha dos sonhos e projectos, quando não dormia a magicar soluções para te defender dos ataques parvos que te fizeram (como se precisasses!), quando chorei e chorei porque estavas triste e em baixo e me mandaste uma mensagem com muito pouca auto estima que me assustou. Não é por estar na moda, mas acho que podes estar a caminho de um esgotamento. O que não é de admirar. Estás mais magro, sorris menos, evitas cada vez mais pessoas; pelo que me disseste, largaste um pouco o futebol, que adoras; os amigos que te cercam se calhar não são os que querias mesmo; aturas melgas como eu. Não sei. Mas isso não é cansaço, é também tristeza. As tuas úlceras deram alarme, e o teu coração também. Não é por precisares de uma ajudinha que deixas de ser quem és, depois digo-te porquê. O que eu queria era só distrair-te um pouco. Tentar ao menos chatear-te com os meus disparates, para rires ou teres uma óptima ideia para fazer algo urgentemente só para te livrares de mim. Claro que o que eu preferia era que me deixasses dar-te um grande abraço e miminhos. Tu precisas. Se eu preciso, e até ando a treinar para ser iceberg, então tu com esse coração de mel deves estar com saldo de abraços negativo. Pronto, não precisas dizer que sim. Eu sei na mesma. As mulheres são umas chatas mesmo, nisso não sou única. Posso perder-me a conduzir, mas lembro-me dos detalhes mais estranhos, que, todos juntos, me permitem chegar a lindas conclusões. Só não me peças para explicar porque não tenho jeito e ninguém fica esclarecido. Isto é genético.

Vieram as férias. Perdi-te o rasto e também não insisti porque achei que terias companhias mais interessantes. Mas houve uma semana terrível. Tu não tinhas dito nada durante uns tempos. De repente, na mesma semana, eu comecei a receber mensagens de ti e do ex. Ele é um parvo, quero dizer, aquele fulano abanou-me o sistema, arrancou-me as pilhas e levou colada a minha motivação, insultou-me, namora há três anos com a mesma Célia e quando está com a neura lembra-se de mim. Um dia destes deixo de ser educada e mando-o onde ele merece. Sabes que ele acha que não tem mal nenhum mandar-me mensagens assinadas “teu”? Tu admitias isto? Eu não sou pneu suplente. Preferia não ser bruta, mas isto preocupa-me. Acho que vou ter de lhe dizer umas quantas. O que tem piada é ouvir as nossas conversas. Parece que nos conhecemos há séculos, mas isso é só porque ele lê mais que eu e tem um grande paleio. E chega. Era aqui que eu precisava de ti, nas férias e agora. Em ti, confio o suficiente para te pedir ajuda, mas agora não posso. Tu não ma dás.
Como podes reparar, tu tens uma certa propensão para sucederem-te coisas estranhas, mas eu tenho um bocadito de azar.

Durante o verão, parecias areia. Houve uma tarde de domingo em que me perguntaste se te pagava o jantar. Lembras-te? Eu só fui sincera, porque tinha desmaiado e não sabia se iria repetir. Não apareceste porque foram a tua casa uns amigos. Fiquei a saber porque te liguei, foste tão sincero que disseste que te tinhas esquecido de mim. Adorei. Fiquei triste e não jantei.
O caraças é que depois encontramo-nos em Setembro e tal, e a sensação continuava na mesma. E eu a dizer a mim mesma: “Sua estúpida, ela acha-te uma cota, conhece mulheres a potes, é simpático, tem tudo no sítio. ESQUEEEEEECE!”. Pois, é fácil de dizer. Quando estás bem disposto és uma companhia impecável. E assim fui andando. Esperando e ansiando que não acabasse o teu contrato. Eu que “acredito na cegonha” como tu dizes, continuo à espera de um pouco de justiça. Depois vês. Não és só tu que dizes “Vais ver que eu tinha razão!”. Aprendi recentemente a confiar mais nos meus instintos. Pronto, está bem, houve um que falhou redondamente, mas destinava-se a chegar a outro. Não posso acertar sempre.

Fui a uma festa que afinal foi um nojo. Eu tive o tal pressentimento de ser melhor não ir. Fui. Estavas lá, azedo, eu não queria a arrumação de mesas que tinham feito, queria ficar perto de ti e dos divertidos. Tu estavas tão mau, que me enxotaste quando tentei falar contigo. Disseste-me secamente “Não quero falar disso”, pedi desculpa e quando tive de sair um bocado vi quem não me apetecia ver. Lá estava a tua querida amiga das boleias. Parecia que batia sempre tudo certo. Foi aí que desapareci da festa. Tu não sabias o que se passava comigo, nem te interessava. Os meus problemas devem parecer-te minúsculos, não é? São proporcionais ao meu tamanho. A minha amiga Cristina diz-me que eu tenho coração de pedra porque aguento tudo, e que dou cabo de mim por gostar de mais. Rico paradoxo, não é? Eu não devia ter-te dito que gostava tanto de ti. Sabes que as paixões mudam, mas o gostar cresce e começa a ocupar cada vez mais espaço, abafa-nos e leva-nos ao ponto de deixarmos de querer saber de nós, de só querer o bem do outro, de desistir se for necessário, de calar os sonhos, de desligar os sentidos, de sobreviver somente, porque mais nada tem sentido. Se não te tivesse dito, terias notado? Ou terias continuado inocentemente a achar que eu era uma amiga simpática, e só? Quanto a promessas, nem a mim as faço. Nunca quis que me prometesses nada. Nem sequer é por isso que te estou a escrever.

Acho que não te obriguei a nada. Tu até estavas em tua casa. Ainda foram uns quilómetros. Vieste de livre vontade, é a ideia que tenho. Foi bom, muito bom. Pensei que seria a primeira e última vez, tinha sonhado tanto, que não fiz nada do que sonhei. O cenário que até era meu, não teve encanto nenhum. E o meu grande final: “Há água quente?”, “Claro, eu...eu vou ligar já.”
Os teus olhos fugiam tanto que pensei que não era a mim que querias ali. Mas há situações em que fazemos caras estranhas, portanto...esquece. Foi bom, gostava de repetir para partilhar contigo coisas boas e é melhor não falar mais do assunto. Tu não consegues pensar nisso comigo nos próximos 300 anos.

Eu tinha ficado admirada com todas as perguntas que me fizeste acerca da minha ideia de sexo, lembras-te? Pensei que para ti, sexo sem compromisso englobasse também saber muito pouco da outra pessoa, para esquecer melhor. Nunca ninguém me tinha perguntado o que perguntaste.
Eu queria saber tantas coisas de ti. Fiquei com a impressão que esperavas de mim algo que não te dei. Eu acho que deve ser sem compromisso porque deve ser só partilha de carinho, e de prazer. Não ando por aí a saltitar de cama em cama. Vivo bem sem sexo. Não me refiro ao tal ano e meio que te disse, mas sim aos seis anos e tal anteriores.

Admirado? Nem todos os namorados que tive chegaram aí. Contigo foi a primeira vez que não tive um aperto no estômago. Só me senti insegura porque a casa não estava como eu gostava.
Era como jogar à roleta russa.
Eu só tinha uma bala.
Sexo não é para curar discussões, não é obrigação de casal, não é para encher intervalos de jogos de futebol. É para ser lindo e só.

Beijos,
Joana
*****

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

"Vou chamuscar isso tudo...mas tens de te aguentar á bronca"


Foi a promessa a apelar ao meu bom humor que ultimamente voou para longe. Hoje estava de trombas, eu. Sinto-me a verdadeira popota. Não fui a brincalhona do costume com o meu Médico Rezingas. Também tenho dias. Desconfiava que a coisa estava a ficar fora de controlo, e estava. Setenta quilos para um metro e sessenta e um. Abismal. Daí a luta com toda a roupa e o recente facto de ficar entalada em sítios onde antes costumava passar: tipo a cadeira está àquela distância visual a que nos acostumamos, e depois não cabemos. Isto aconteceu no espaço de um mês. Ganhei 3 a 4 quilos num piscar de olhos. É fácil. Enervamo-nos, trincamos mais umas coisas, ficamos mais em casa porque está frio e os glóbulos estavam mais baixitos e...pronto.

A TAC de rotina revelou algumas melhoras: desapareceu o nódulo do trapézio direito, mas os do pulmão restante continuam lá, apesar de terem diminuído. Parece que tenho vestígios de um "derrame pericárdico", o que me deixou ainda mais feliz, aaarararrararagghhg. Devo fazer algum exame para saber mais disso.


Entretanto, a ordem é chamuscar o bicharoco, com as condicionantes que tenho. Mais ifosfamidas de altas doses para cima dele e de mim.

Pois, bora, vamos lá. Tenho de fugir das poucas bolachas que tenho cá por casa. O meu pecado era mesmo o pão, e vai ter de deixar de ser. Será que posso voltar a fumar, sei lá? daqui a pouco tenho hábitos mais saudáveis que uma freira, irra.


Amanhã ou assim, vem mais um texto doido. Pelo menos, podem chamar nomes feios ás personagens. Aviso que é um puzzle. Tudo tem ligação e todos se conhecem, mas só no fim é que se repara nisso, eh eh. Textos do tempo em que a internet não era acessível e se escrevia por gosto.

Atenção que eu nunca disse que sabia escrever.


Preciso de força divina para não ir ali a correr fazer torradas. ai ai.


Beijinhos

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Texto Intratável de Hoje - "Sexto Fantasma"


“Talvez nos reencontremos na passagem de século...”
O Manuel tinha razão em muita coisa, afinal. Mas também se enganara, tal como Clara.
“Manuel, é a imagem que conta, não é o recheio. Com o recheio não te safas. Se acreditas nisso, nunca vais ser feliz. Não te esqueças que a democracia é a ditadura da maioria sobre a minoria.”
“De qualquer modo, à minha estranha maneira, amo-te. Se bem que não percebo porquê. Mal nos conhecemos. Provavelmente amor é isso mesmo. É aproveitar os bocadinhos que nos agradam, de várias pessoas. Depois trata-se de tentar aguentar a vida com os bocados ou com o todo. Quem espera o todo, normalmente desespera. Nos dias que correm não podemos ser exigentes. Só podemos viver o momento.”

Manuel caíra-lhe no regaço quando ela não esperava. Como sempre andava ocupada a tentar tratar da vida dos seus amigos, daqueles por quem nutria algo mais que um grande carinho. Ia desabafando com Manuel, ele ia ouvindo. Ela nunca sabia o que ele pensava realmente. É tramado. Fazer isso aos outros tem uma certa piada, agora, quando no-lo fazem a nós, nem por isso. Não resolveu a crise que pretendia ditatorialmente resolver à sua maneira. Alguém o fez de um modo diametralmente oposto. Chocou-se com isso. Foi apanhada de surpresa e ficou bastante magoada. Fora vencida pelas ideias dos outros.
Antes e depois dessa situação, Manuel sentiu que Clara buscava algo. Deu-lhe a entender que isso era fácil de obter. Mas só isso. Sexo é sexo. Foi óptimo, havia muito tempo que Clara não se desligava assim da sua máscara. Manuel e Clara conheciam-se pouco. Manuel espantou-se “pela entrega tão grande...”, Clara com tanto carinho junto na mesma pessoa, aliada a um lindo corpo e um olhos que a assustavam de tão azuis. Pareciam espelhos. O que escondiam? O que mostravam? Ela perguntou-lhe como se chegava à alma dele, e a resposta que obteve foi “É segredo”.
Nada esperavam do outro, pelo menos de acordo com as palavras que lhes saíam da boca para fora. “Não estou em época de compromissos, preciso de não me envolver”, disse ele. “Está bem, percebi. Se assim queres...” e Clara pensou numa época em que fizera o mesmo. Durante dois anos não quis compromissos. A dada altura pareceu-lhe possível aguentar tal forma de vida. Mais tarde pareceu-lhe que existia algo mais do que encontros de “amigos”. Depois recuou, pois pensando bem, havia razões de mais para que nada resultasse. Até que um belo dia o seu não-comprometido-namorado-faz-de-conta se lembrou do seu aniversário. Clara detestou a ideia. Preferia que ele lhe tivesse falado, e não lhe oferecesse coisas.
Ainda hoje não sabe porquê, mas desconfia que foi por se habituar a não esperar nada. Ela só dava, e não tinha de volta. Receava que Manuel se magoasse como, ou mais do que ela se tinha magoado. Manuel dera-lhe muito carinho. Ela levava sempre para casa os abraços, beijos e carícias que não tinha tido coragem de lhe dar e fazer. Tinha de parar naquele ponto a partir do qual receava assustá-lo. Mas arrependia-se de não caminhar pela casa fora, de não ir à cozinha buscar um copo de água para Manuel, de não rebolar e ficar, cheia de expectativa, tal como ele dizia, em cima da cama, com uma toalha a tapá-la, esperando que ele voltasse e retomasse as suas massagens. As massagens: para ela eram cada vez mais uma desculpa para fazerem sexo, ou amor? Não conseguia saber o que significavam para ele. Recordava o que ele dissera a esse respeito. “Toda a gente faz isto. Sentimo-nos bem. Porque não aproveitar o que Deus nos deu?” Estaria ele a ser mesmo sincero? Clara nem se preocupava muito que Manuel lhe mentisse, mas e se ele mentisse a si mesmo? Preferia sempre acabar por pensar que ele sabia da sua vida. Só gostava que um dia ele entendesse que ela sempre o respeitara, apesar de ele a ter acusado uma vez de viver em cima de um pedestal, como defesa contra todos os outros. Ela nunca esquecera essas palavras. Além de ter caído do pedestal abaixo, ela baixara todas as suas defesas. Claro que ele reparara nisso. Fazia-se desentendido. Temia que ele lhe fugisse, mesmo como amigo, que era somente ao que tudo se resumia. Ele dissera-lhe, quando se encontraram a primeira vez com a ideia das massagens, a brincar ou a sério (?) para que ela não se apaixonasse por ele. Ela dissera-lhe: “Não te preocupes, se isso acontecer nunca te vou dizer”. E tencionava cumprir.

É claro que o que se passa aqui é que o Manuel, como é saudável e de ideias arejadas, e tinha a namorada longe da vista, resolveu dois problemas de uma só vez. Tratou das teias de aranha da Clara e do seu instinto masculino de dar uma queca de vez em quando. “O que foi Manuel, choquei-te? Sabes que tirando todos os floreados e palavras bonitas, este mundo é muito feio? Eu nem sequer estou a azedar, nem a cobrar, sei que nem sequer tenho direito a ter ciúmes. Mas se porventura os tivesse, isso alterava alguma coisa para ti? Entrei no jogo, sei quais eram as regras, e até informação contrária continuo! Aquilo que eu sinto, ou não, é algo que troco por aquilo que sentes e pensas. Se o disseres algum dia, eu digo a minha parte. Não te refugies atrás de uns olhos gelados, quando eles podem ser dois lagos de paraíso. Quem te diz agora sou eu: não azedes, vais ver se arranjas muitos amigos assim.
Claro que também nunca se pode falar a sério comigo (foste tu que o disseste também), e... o meu carro continua a ser um dos meus melhores amigos (são as vantagens te lhe trancar a direcção!).”
***

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Não quero ser famosa, mas esta é a Xanfrada (tem dias).

Ricardo Araújo Pereira disse /escreveu uma frase que me serve quase todos os dias. Também gosto do penteado dele, ok. Receio que ele venha a ficar triste com a passagem do tempo, quando achar (ou não) que o mundo é mau e feio, e só um punhado de gente boa se esforça para que ele assim não seja, tentando semear estrelas e anjos e flores e ideias por aqui e por ali.




Já acreditei que fosse assim, que fazia parte desse grupo de gente que quer melhor e mais lindo e mais simples e humano. Ensinei o que sabia, e o que tentava aprender melhor, durante 15 anos. Tive de deixar o trabalho, por razões não esperadas, tal como se nota neste blogue: começou por loucura e brincadeira e anda agora em boletim de notícias menos más. Enquanto ensinei aprendi muito, achava, com aquela garra dos vinte e cinco anitos que ia mudar alguma coisa no mundo. Talvez o tenha feito, de um modo que não entendi. Sinto-me inútil por não trabalhar mas não o digo para que tenham pena de mim. Só tenho de saber como dar a volta a isto. Por vezes choro, como qualquer outra pessoa (brevemente será por falta de pestanas, hi hi). O que me preocupa é que sorrio e rio menos: não tem a ver com o facto de ter uma doença oncológica, tem a ver com o facto de ver muita coisa que acho feia, muitas atitudes feias em sítios inimagináveis, falta de valores, falta de humanidade, falta de tanto... que é tão simples e barato de fazer: SER GENTE!




Por isso roubo as palavras de RAP:




"Conheço-me apenas de vista e já é bom!"
*

domingo, 8 de fevereiro de 2009

História de uma rã de Olivier Clerc


Da alegoria da Caverna de Platão para Matrix, passando pelas fábulas de La Fontaine, o idioma simbólico é um meio privilegiado para induzir à reflexão e transmitir algumas ideias.

Olivier Clerc, o escritor e filósofo, nesta sua breve história (que me chegou por mail numa apresentação daquelas que todos nós recebemos), pela metáfora, põe em evidência as funestas consequências da não consciência da mudança que infecta nossa saúde, nossas relações, a evolução social e o ambiente.

Um resumo de vida e sabedoria que cada um poderá plantar no próprio jardim para desfrutar seus frutos.



“A rã que não sabia que estava sendo cozinhada.



Imagine uma panela cheia de água fria na qual, nada tranquilamente, uma pequena rã. Um pequeno fogo debaixo da panela e a água aquece muito lentamente. Pouco a pouco, a água fica morna e a rã, achando isto bastante agradável, continua a nadar.
A temperatura da água continua subindo. Agora a água está quente, mais do que a rã pode apreciar, sente-se um pouco cansada, mas não obstante, isso não a assusta. Agora a água está realmente quente e a rã começa a achar desagradável, mas está muito debilitada, então aguenta e não faz nada.
A temperatura continua a subir, até que, a rã acaba simplesmente cozida e morta.
Se a mesma rã tivesse sido lançada directamente na água a 50 graus, com um golpe de pernas teria pulado imediatamente da panela.
Isto mostra que, quando uma mudança acontece de um modo suficientemente lento, escapa à consciência e não desperta, na maior parte dos casos, qualquer reacção, oposição, ou revolta.
Se nós olharmos para o que tem acontecido em nossa sociedade, durante algumas décadas, podemos ver que nós estamos sofrendo um lento modo de viver ao qual nós nos acostumamos.
Uma quantidade de coisas que nos teriam horrorizado há 20, 30 ou 40 anos atrás, foram pouco a pouco banalizadas e hoje elas perturbam ou apenas deixam completamente indiferente a maior parte das pessoas.
Em nome do progresso, da ciência e do lucro são efectuados ataques contínuos às liberdades individuais, á dignidade, á integridade da natureza, á beleza e á alegria de viver, lentamente mas inexoravelmente, com a constante cumplicidade das vítimas, desavisados e agora incapazes de defender-se.
As previsões para nosso futuro, em vez de despertarem reacções e medidas preventivas, não fazem outra coisa a não ser a de preparar psicologicamente as pessoas a aceitarem algumas condições de vida decadentes, alias dramáticas.
O martelar contínuo de informações dos média satura os cérebros que não podem distinguir mais as coisas...
Quando eu falei pela primeira vez destas coisas, era para um amanhã. Agora, é para hoje!!!
Consciência ou cozinhado, precisa escolher!
Então... se você não é, como a rã, já meio cozido, dê um golpe de pernas, antes que seja muito tarde.
NÓS JÁ ESTAMOS MEIO-COZIDOS? OU NÃO?"



quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

In Memoriam 02 Fevereiro 2009


Em homenagem ao homem cheio de força
que agitou este mundo em que nos movemos,
e se mudou para outra parte do universo,
ao Salvador:



"Só aqueles que sabem chorar podem enxugar as lágrimas dos outros."



Papa João Paulo II

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Hoje é Dia da Senhora da Candeias


Bernardo Soares escreveu (ou não) uma vez:

“Maneira de Bem Sonhar”

Adia tudo. Nunca se deve fazer hoje o que se pode deixar de fazer também amanhã. Nem mesmo é necessário que se faça qualquer coisa, amanhã ou hoje.
Nunca penses no que vais fazer. Não o faças.
Vive a tua vida. Não sejas vivido por ela.
Na verdade e no erro, no gozo e no mal-estar, sê o teu próprio ser. Só poderás fazer isso sonhando, porque a tua vida-real, a tua vida humana é aquela que não é tua, mas dos outros. Assim, substituirás o sonho á vida, e cuidarás apenas em que sonhes com perfeição. Em todos os teus actos da vida-real, desde o de nascer até ao de morrer, tu não ages: és agido; tu não vives: és vivido apenas.
Torna-te para os outros uma esfinge absurda. Fecha-te, mas sem bater com a porta, na tua torre de marfim. E a tua torre de marfim és tu próprio.
E se alguém te disser que isto é falso e absurdo não o acredites. Mas não acredites também o que te digo, porque não se deve acreditar em nada.


Nunca gostei de estudar Fernando Pessoa e heterónimos, ortónimo e afins, mais uns quantos que desde o meu tempo de estudante acabaram por ser descobertos.
Tal como não consigo dizer que gosto de um tipo de música, mas sim daquela ou da outra, conforme o que cada uma transmite, do mesmo modo, só posso generalizar uma coisa: prefiro prosa. E prefiro prosa porque conta o que se passa com as pessoas.

Quem tiver a coragem de ir ao fundo deste blogue encontra um caótico amontoado de textos, sendo que os restantes ainda por aqui (na gaveta virtual) pairam e não os postei. São textos longos, não são de blogue. São histórias que.. todas juntas têm fio condutor, contam histórias de pessoas, mas que nem eu própria já tenho paciência de as reler.
Temo que o amigo Jorge vá lá ver e fuja.
Aquilo é coisa para quem gosta de chorar a ver romances. Eu sou mais tosta mista com café ou torradas e um grande policial, mas com poucos tiros, porque também já farta.

Sou uma má blogger. Não sou assídua, deixo as pessoas preocupadas, porque os meus amigos bloguistas conhecem-me por causa do cancro. Por favor não se zanguem comigo pela fraca frequência de notícias.
Neste momento estou a escrever off-line, a apanhar sol nas pernas. Se assim não fosse estaria agarrada a uma qualquer arte manual. Tenho bichos-carpinteiros, não gosto de estar quieta. O que dá cabo de mim nos internamentos é precisamente a seca dos cinco dias lá, e sinto-me tão alterada que não quero mesmo visitas. Só os meus pais. Depois quando saio tento recuperar-me e pôr-me em ordem de novo.

Hoje tive consulta, tinha os valores um pouco mais baixitos. Isto não quer dizer nada de especial. Daqui a uma semana lá vou eu de novo para mais umas ifosfamidas.
Até lá preocupo-me (lembro-me muitas vezes do amigo André) com a tripa, a minha entope, o que acaba por me irritar, causar dores aparvalhadas em sítios inimagináveis, enfim.
É tal o contraste com o que eu era e com o que fazia, que consegui arranjar uma espécie de ferrugem temporária no sábado em ambos os joelhos. Porquê? Porque fui dar uma voltinha ao centro comercial e levei uns saltos largos de 3 cm! É tal a diferença de uso das minhas pernas e, ao mesmo tempo, a decadência do sistema circulatório causado pela doxorrubicina da 1ª saison que estou assim. E são estas coisinhas que me vão moendo o tempo e a pachorra.

Isso e a minha vã tentativa de manter os meus pais relativamente descansados (dentro do possível), eles que viraram a vida deles de pernas para o ar. E muito de vez em quando lá consigo tomar um café com uma amiga, todas com filhotes pequenos, todas a correr, e eu espectadora, estou do lado de fora do aquário. Por vezes a cabeça que me pensa não perece ser a minha. Ainda estou a ter lições de condução nisto. E continuarei. A diferença é que agora presto mais atenção.

Nunca pensei apreciar as palavras de Bernardo Soares há vinte anos atrás. Hoje, não sei porquê parecem-me muitíssimo lógicas.
Não estou triste, tenho vontade de ir lanchar umas torradas, mas tinha de vir aproveitar o sol e arejar o espaço, conforme me pediu o Jorge, e já vinham pedindo a Tia Branca, a Marina (boa sorte, boa sorte, boa sorte para ti) e a Vera (que imagino continue nas nuvens).

Há muito tempo, ainda ia eu começar quimio a primeira vez, um dos meus médicos disse-me:”Tu não tens de aturar toda a gente”. Não quer dizer ser mal-educado, mas ele tinha razão: “torna-te para os outros uma esfinge absurda”.

Se nunca fui transparente, não vai ser agora que o serei. Não tem a ver com mentira ou falta de honestidade, tem a ver com o cantinho de cada um. Por vezes sinto-me bem em sair dele, outras vezes tenho convidados, outras vezes deixo o letreiro a dizer “Volto já”.

Mudando de assunto.
Chatice da semana mesmo, daquelas comezinhas? Não é que tive de ir pedinchar com ar bastante sério e zangado o pagamento que me devem do meu trabalhito de Outubro a Dezembro? Isto também não era assim. Espero que me paguem esta semana. Não queria gastar energias a irritar-me com coisas destas.

Devo ter sido confusa no que escrevi. Mas continuo a gostar (hoje) deste excerto de Bernardo Soares. Permite muitas leituras. Neste momento só me consigo lembrar das benditas torradas. Ai, ai, esse meu peso. Quase não como no internamento, e depois em casa vingo-me cá de uma maneira… mas não abuso de porco nem carnes vermelhas. Adoro passarinhos.

A todos que me aturam desejo uma boa semana (esta) e depois eu vou ao spa outra vez, ok? Se não disser um xauzinho antes de ir, já sei que me perdoam.

Muitas bijufas

P.S. - Como escrevi off-line, e como podem ver pelas horas, já sabem o que fui fazer entretanto: ver os últimos raios de sol da minha varanda e comer umas torradas, aaahahahahah.