terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Não quero ser famosa, mas esta é a Xanfrada (tem dias).

Ricardo Araújo Pereira disse /escreveu uma frase que me serve quase todos os dias. Também gosto do penteado dele, ok. Receio que ele venha a ficar triste com a passagem do tempo, quando achar (ou não) que o mundo é mau e feio, e só um punhado de gente boa se esforça para que ele assim não seja, tentando semear estrelas e anjos e flores e ideias por aqui e por ali.




Já acreditei que fosse assim, que fazia parte desse grupo de gente que quer melhor e mais lindo e mais simples e humano. Ensinei o que sabia, e o que tentava aprender melhor, durante 15 anos. Tive de deixar o trabalho, por razões não esperadas, tal como se nota neste blogue: começou por loucura e brincadeira e anda agora em boletim de notícias menos más. Enquanto ensinei aprendi muito, achava, com aquela garra dos vinte e cinco anitos que ia mudar alguma coisa no mundo. Talvez o tenha feito, de um modo que não entendi. Sinto-me inútil por não trabalhar mas não o digo para que tenham pena de mim. Só tenho de saber como dar a volta a isto. Por vezes choro, como qualquer outra pessoa (brevemente será por falta de pestanas, hi hi). O que me preocupa é que sorrio e rio menos: não tem a ver com o facto de ter uma doença oncológica, tem a ver com o facto de ver muita coisa que acho feia, muitas atitudes feias em sítios inimagináveis, falta de valores, falta de humanidade, falta de tanto... que é tão simples e barato de fazer: SER GENTE!




Por isso roubo as palavras de RAP:




"Conheço-me apenas de vista e já é bom!"
*

3 comentários:

Branca disse...

Muito interessante este teu texto sobrinha xanfrada.
Desde ontem que ando para voltar ao anterior e eis que encontro um novo do mesmo estilo. Estou a gostar desta profundidade, deste trabalho que nos dás para reflectir, de um blog que vive de tudo para além da doença. Acordei de madrugada entre o sofá e a cama e por aqui fiquei a cogitar coisas sérias em alguns sítios.
Antes de caminhar para o sono, só te quero dizer que também ando a rir e a sorrir menos e isso preocupa-me porque não ando a achar piada a nada, pelas mesmas razões que tu e porque gosto e quero SER GENTE, é simples e barato como dizes, mas a falta dos tais valores, as exigências profissionais cada vez mais escravizantes nem sempre nos deixam dar largas aos nossos princípios, somando àquele número interminável de gente que já não os tem, nem quero pensar omde isto nos leva... Mas tenho a esperança e a certeza de que uma mudança profunda virá por aí, embora com o sacrifício de uma ou duas gerações, mudanças não se fazem num dia e haverá uma revolução de consciências, a história sempre se repete, em circunstâncias diferentes. Pena que os homens nunca aprendam com os erros.
Foi bom ver-te por aqui, bom sinal.
Fica bem e agarra os sonhos, como diz frequentemente um amigo do nosso amigo Salvador.
Eu vou para o sono, tentando sonhar.
Beijinhos
Tia Branca

Branca disse...

Voltei hoje, muito mais sorridente, a condizer com este sorriso que vejo por aqui e lendo o teu texto com a lucidez de uma hora menos tardia além de repetir tudo o que disse com mais optimismo, faltou-me uma observação importante que é o seguinte:
com a minha autoridade de tia estás "proibida" de usar aquela afirmação "Sinto-me inútil por não trabalhar" e então como se sentirão aqueles que com toda a saúde não o querem fazer? Não sentem nada porque são uns inconscientes e irresponsáveis. Olha esta, há muitas coisas lindas que podes fazer, aproveitar para ler e fazer outros trabalhinhos que gostes e às vezes a vida profissional não nos deixa tempo para eles. Olha eu ansiosa por me aposentar para fazer tanta coisa que gosto e não posso e ela a querer trabalhar, este mundo anda todo trocado, :)
Aproveita-me bem estes dias de sol, minha querida "Xanfrada"
Deixo beijinhos.
Tia Branca

Anónimo disse...

Obrigada pela atenção constante, Tia Branca. Ando a tentar ir recuperar os meus textos velhos, e metê-los aqui. São longos, mas eram a razão de ser do blogue, logo...acho que estou ainda em dívida quanto a isso, tarefa inacabada. Só me custa perder ar e solinho para fazer isso. É que para mim, o computador começou por ser instrumento de trabalho, e ainda assim o vejo basicamente. Mas prometo que vários outros disparates virão. Vou tentar arranjar "etiquetas" para diferenciar as parvoeiras correntes dos derrames cerebrais antigos, eh eh.

Um grande beijo e um grande xi-pulmão. lol