Recentemente acabei por estar mais em contacto com realidades ás quais não dava (há muito tempo) a importância devida ou não. Não sou particularmente religiosa, nem acho que haja uma única religião que seja isenta e justa. Para mim são todas interpretações de algo muito Maior, que nós ... ínfimos mamíferos, haveremos sempre de tentar compreender sem conseguir.
Infeliz daquele que pensa que já descobriu tudo. Mas isto é só a minha opinião. Resulta este contacto de algumas pequenas conversas com o senhor capelão do IPO de Coimbra, caríssimo Frei Adriano, de rosto aberto e alegre, Salesiano e de braços abertos ás pessoas. Resulta ainda de um outro capelão, do CHC, onde fui operada a primeira vez, e que fui conhecendo. Homem este que viveu e trabalhou no duro, antes de ser padre. Quem o conhece, fica baralhado. Como nasceu no mesmo dia que eu (em anos diferentes, mas poucos), passo a explicar que tem uma maneira de ser que é mesmo assim: ou se ama ou não, ou se aceita, ou se vai andando. Não tem papas na língua. Corre para chegar a todos.
Eu não vou á Missa (há umas cláusulas do contrato com as quais tenho umas questões e ele sabe e falamos disso), então quando vai embora, passa por casa de meus pais e visita-nos. É o meu caro amigo Padre Pedro. Mais não digo, pois passo a invadir a privacidade.
Quer Frei Adriano, quer o sr Padre Pedro têm feito feito revoluções aqui dentro, no que respeita á minha organização mental da aceitação, do respeito, da vida, da doença.
Não estou a redimir-me de tudo o que eventualmente pudesse ter pecado até ao dia de hoje, nem tal me passa pela cabeça.
Tenho a sorte de ter conhecido estes dois homens de Deus numa época muito difícil da minha vida. Eles não sabem, mas deixam-me mais descansados em relação ao apoio que os meus pais poderão precisar. Para esse apoio, que espero tarde a ser necessário...os amigos não chegam.
Foi através do Frei Adriano que recebi o texto que vos deixo abaixo, num livrinho que me ofereceu no dia do meu aniversário, que passei no internamento, e pedi por tudo para ele manter em segredo (sou muito chorona).
Acho que este texto serve a todos os credos, a todas as pessoas, a todos os anseios, e resume de uma maneira muito bonita aquilo que deveríamos ser todos os dias. Leiam, reparem bem nele: é civilidade, é humanidade e não é lamechas.
Simplesmente adoro-o (raio das ifos que me dão cabo da memória e preciso de cábula).
Um abração e muitas bijufas a todos vós.
Bendito
Bendito o meu rosto durante este dia,
Se ele souber estar triste com quem está triste
E alegre com quem está em festa.
Benditas as minhas mãos durante este dia,
Se elas ajudarem a quem tem necessidade
E apertarem a mão a quem me ofendeu.
Benditos os meus lábios durante este dia,
Se tiverem uma palavra amiga e optimista
Para com todos com quem irei conviver.
Benditos os meus pés durante este dia,
Se forem ao encontro de quem está cansado
E seguirem sempre pelos caminhos do bem.
Benditas as minhas forças durante este dia,
Se elas se esgotarem no trabalho persistente
Por colaborar por um mundo mais habitável.
Bendito o meu coração durante este dia,
Se sentir como é grande o amor de Deus
Que se revelou no seu Filho, Jesus Cristo.
(Orações da Manhã, in Família que Reza, ed. Cavaleiro da Imaculada, Irmãos Salesianos)