sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Cada vez que releio penso mais longe...


Recentemente acabei por estar mais em contacto com realidades ás quais não dava (há muito tempo) a importância devida ou não. Não sou particularmente religiosa, nem acho que haja uma única religião que seja isenta e justa. Para mim são todas interpretações de algo muito Maior, que nós ... ínfimos mamíferos, haveremos sempre de tentar compreender sem conseguir.


Infeliz daquele que pensa que já descobriu tudo. Mas isto é só a minha opinião. Resulta este contacto de algumas pequenas conversas com o senhor capelão do IPO de Coimbra, caríssimo Frei Adriano, de rosto aberto e alegre, Salesiano e de braços abertos ás pessoas. Resulta ainda de um outro capelão, do CHC, onde fui operada a primeira vez, e que fui conhecendo. Homem este que viveu e trabalhou no duro, antes de ser padre. Quem o conhece, fica baralhado. Como nasceu no mesmo dia que eu (em anos diferentes, mas poucos), passo a explicar que tem uma maneira de ser que é mesmo assim: ou se ama ou não, ou se aceita, ou se vai andando. Não tem papas na língua. Corre para chegar a todos.

Eu não vou á Missa (há umas cláusulas do contrato com as quais tenho umas questões e ele sabe e falamos disso), então quando vai embora, passa por casa de meus pais e visita-nos. É o meu caro amigo Padre Pedro. Mais não digo, pois passo a invadir a privacidade.


Quer Frei Adriano, quer o sr Padre Pedro têm feito feito revoluções aqui dentro, no que respeita á minha organização mental da aceitação, do respeito, da vida, da doença.

Não estou a redimir-me de tudo o que eventualmente pudesse ter pecado até ao dia de hoje, nem tal me passa pela cabeça.

Tenho a sorte de ter conhecido estes dois homens de Deus numa época muito difícil da minha vida. Eles não sabem, mas deixam-me mais descansados em relação ao apoio que os meus pais poderão precisar. Para esse apoio, que espero tarde a ser necessário...os amigos não chegam.


Foi através do Frei Adriano que recebi o texto que vos deixo abaixo, num livrinho que me ofereceu no dia do meu aniversário, que passei no internamento, e pedi por tudo para ele manter em segredo (sou muito chorona).


Acho que este texto serve a todos os credos, a todas as pessoas, a todos os anseios, e resume de uma maneira muito bonita aquilo que deveríamos ser todos os dias. Leiam, reparem bem nele: é civilidade, é humanidade e não é lamechas.


Simplesmente adoro-o (raio das ifos que me dão cabo da memória e preciso de cábula).


Um abração e muitas bijufas a todos vós.




Bendito

Bendito o meu rosto durante este dia,
Se ele souber estar triste com quem está triste
E alegre com quem está em festa.

Benditas as minhas mãos durante este dia,
Se elas ajudarem a quem tem necessidade
E apertarem a mão a quem me ofendeu.

Benditos os meus lábios durante este dia,
Se tiverem uma palavra amiga e optimista
Para com todos com quem irei conviver.

Benditos os meus pés durante este dia,
Se forem ao encontro de quem está cansado
E seguirem sempre pelos caminhos do bem.

Benditas as minhas forças durante este dia,
Se elas se esgotarem no trabalho persistente
Por colaborar por um mundo mais habitável.

Bendito o meu coração durante este dia,
Se sentir como é grande o amor de Deus
Que se revelou no seu Filho, Jesus Cristo.

(Orações da Manhã, in Família que Reza, ed. Cavaleiro da Imaculada, Irmãos Salesianos)

5 comentários:

Branca disse...

Olá Susanita,

Que coisas lindas nos trazes. Como adorei ler-te e me identifiquei tanto contigo nos teus pensamentos religiosos. Também tenho uns freis muito especiais, até podes ver a fotografia que um deles tirou em África lá no meu blog, era um artista, da fotografia e da pintura, foi ele que me casou. Partiu há três anos, mas continua comigo.
Adorei o texto tão ao jeito de uma outra oração de S. Francisco de Assis, que te vou deixar logo aqui porque agora tenho a família à minha epera.
Volto.
Beijinhos

Branca disse...

Susanita,

Desculpa mas a nota acima foi assim um pouco a correr antes do jantar, na Ânsia de te saudar logo. Gosto de te ver aparecer com mais força. Adorei ler-te, conhecer-te mais um pouquinho.
Tal como te prometi venho deixar-te uma oração de S. Francisco de Assis que porventura já conheces e que marcou muito a minha adolescência e juventude, talvez por ter convivido muito com franciscanos. Foi deles que bebi teorias religiosas mais puras e simples, também não sou muito praticante de fórmulas decoradas e não vividas, nem de missas por sistema, também não me parece que Deus queira isso de nós, mas sim mais vida e mais prática, seria um tema muito discutível e que daria pano para mangas, não será este o local. Para mim também as várias interpretação de Deus são fruto da falta de capacidade do homem para chegar até Ele. No fundo mais que nos acharmos detentores da verdade e impormos fórmulas aos outros é importante que partilhemos esta vida com amor e o texto que nos deixaste é muito lindo para fazer essa reflexão.
Fica aqui a oração da paz, que não leio frequentemente, mas que ficou dentro de mim e recordo muitas vezes para tentar fazer dela uma cartilha para a vida.

ORAÇÃO DA PAZ

Senhor, fazei de mim um instrumento de vossa paz;
Onde houver ódio, que eu leve o amor;
Onde houver discórdia, que eu leve a união;
Onde houver dúvidas, que eu leve a fé;
Onde houver erros, que eu leve a verdade;
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão;
Onde houver desespero, que eu leve a esperança;
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria;
Onde houver trevas, que eu leve a luz.
Ó Mestre, fazei com que eu procure mais consolar,
que ser consolado;
Compreender, que ser compreendido;
Amar, que ser amado;
Pois é dando que se recebe;
É perdoando, que se é perdoado;
E é morrendo que se vive para a vida eterna.

S. Francisco de Assis

Com muitos beijinhos,
Da Tia Branca (comovida ao acabar de reler este texto de verdadeiro AMOR)

Carecaloira disse...

Amiga,

como costumo dizer: "amei". E gostei muito de te ler.

Só não entendo porquê que ainda não nos conhecemos fisicamente?? Pelo que percebi estamos muito perto.

Beijocas
Marina

Branca disse...

Olá querida sobrinha,

Espero que continues a viver bem estes dias de "férias" ou de intervalo, como lhe quiseres chamar, seguindo os preceitos da tua bela mensagem e que ela te traga toda a serenidade e paz que mereces.
Está muito frio, agasalha-tre muito, mas mesmo assim faz o que te dá prazer, mesmo que seja dentro de casa.
Venho dar-te os parabéns atrasados, porque dizes no texto que passate o aniversário no internamento, ora deve ter sido em finais de Dezembro ou nos dois primeiros dias de Janeiro, já que tiveste alta a 3-01.
De qualquer forma ainda vou a tempo para te dar um abraço grande, apertadinho e desejar-te muita saúde e tudo do melhor para este novo ano para que no próximo aniversário possamos festejar em grande e promete-me que para a próxima me avisas.
Beijinho grande.
Tia Branca

Mrs. Sea disse...

Xanfrada...
O Padre Pedro também visita o meu irmão! :) Tão longe e tão perto! Também ele leva ao meu irmão as mesmas palavras doces que te leva a ti! Ele traz consigo serenidade...
Engraçada esta coincidência!
Bjins