terça-feira, 28 de abril de 2009

Olá ESAB...12º...



Hoje estou como o tempo, fraquito.


Espero que se riam com os meus textos intratáveis, que foram escritos há uns anitos, e isto é verdade.

Estou a dirigir-me a vós deste modo, pois sempre pensei que o meu blogue fosse algo que nunca influenciaria ninguém. Nunca me ocorreu etiquetá-lo com "conteúdo de adultos". E digo isto não para vos chamar pequeninos, mas porque estando no final do secundário, sou da opinião que ainda vão ter tempo demais para cenas tristes, escusavam de começar agora.


Quanto á informação sobre o cancro que tenho, ela é escassa neste blogue, e não pretendo sobrepor-me a nenhum tipo de conhecimento científico. Não criei estes posts com esse sentido, tal como está escrito muito lá para baixo.


Gostava igualmente de fazer parte mais verídica desse vosso tema, que julgo seja de projecto, certo? Infelizmente ainda não me posso colocar na fase do "pós". Ainda estou no durante.


Por vezes dá-me vontade de contar aqui tudo o que é politicamente incorrecto e até poderá ser considerado imoral, mas precisamente porque não sei como serei interpretada, não o faço.


Hoje estou triste porque há quem esteja triste e frustado ao pé de mim.

E hoje também estou triste e preocupada por causa de estúpidos efeitos secundários de quimioterapia algo forte. A semana que passou foi de tratamento em internamento (de terça a domingo) e quase rebentou comigo. Tenho esta semana e a próxima para recuperar, nem sei como, perdi massa muscular ao longo do processo, perdi capacidade cardio-respiratória, perdi o meu recheio (aquele feito de ideias e sonhos dentro da nossa cabeça). Perde-se muito, muito que nenhum médico consegue, por muito que queira, arranjar. E garanto-vos que tenho estado bem acompanhada. Tenho de inventar maneiras de me sentir feliz, apesar de desempregada, sem apoio (era recibo verde), cansada e podre. Começa a faltar-me a imaginação.


O meu 1º diagnóstico foi em Dezembro de 2006. Tem sido uma maratona difícil. E é-o para quem nos cerca. É uma das coisas que mais me magoa: é tudo lindo, mas isto demora mais do que uma gripe a curar. Toda a gente tem a sua família, os filhos, contas e tal. Com o tempo, tudo vai embora. Aqueles que eram os amigos do cafézito da manhã e das sms ás tantas, deixam de o ser. E sei que não o fazem por mal. É uma questão de esgotamento


Bem, estou ao vosso dispor, tendo em conta que também já fui professora e há coisas em que naturalmente fico de pé atrás, para vossa sanidade mental. Aviso já que sou pouco navegadora. Decerto compreendem que depois de estar de castigo e enjoada uma semana, não me dê muita vontade de estar colada ao teclado, sim? Vocês sabem, as cotas têm neuras, pronto.


Contudo, acho que devem seguir outros blogues que fazem relatos diferentes, alguns eu também sigo, outros encontrá-los-hão nos links de cada um, como vocês sabem ( e dominam isto, Jesus).


Obrigada por terem aparecido hoje, ia ser um descalabro neste ciberespaço hoje, estava a dar-me uma vontade de explodir... ui ui.


Boa sorte e "be careful out there", encontra-se de tudo na net, ok?


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domingo, 19 de abril de 2009

As fases líquidas da vida


Quando recebi por mail esta imagem já andava nestas vidas de "perfusões" e derivados.

E não é que parece feita de encomenda? O problema é que não é só para mim, mas para imensas pessoas.

Amanhã vou continuar o meu tratamento: sétimo ciclo da segunda época com direito a internamento de 5 dias e 5 noites, náuseas, mau estar geral e muito mau feitio virado para mim mesma.



Não consigo adaptar-me a dormir naquelas enfermarias...devia, mas não consigo. É o que mais me deita abaixo, fico quase num estado de distração auto-infligida. Prefiro estar desatenta, custa menos.



Daqui a uma semana tento voltar aqui.

Prometam que se divertem, enquanto eu vou ali encolher uns nódulos teimosos.



Beijinhos...acho que já estou a enjoar, hi hi

sábado, 18 de abril de 2009

Texto Intratável de Hoje - "Segunda Carta do Sonho ao Fantasma"

Segunda Carta do Sonho ao Fantasma

Por que é tão difícil ser feliz? Ou melhor, por que é que complico tanto as coisas? É da minha / nossa vida que se trata e ninguém tem o direito de interferir. Contudo, não sei bem o que tens em mente. Nem sei sequer o que eu tenho em mente. Será que tenho mente? Bem, esquece. Gostava de falar contigo, porque ambos precisamos. Há imensas coisas que devíamos conversar, embora eu não seja nada boa a expressar os meus sentimentos nem as minhas ideias. Sou medricas. Fui ensinada a esconder as fraquezas e não a ultrapassá-las, para parecer forte.

Perguntei recentemente a um amigo, ex-namorado, o que eu parecia do lado de fora. Resposta: “Pareces forte e invencível, mesmo ameaçadora.” E também já me chamaram forte, correcta, auto confiante. Meu Deus! Nada disso. Eu limito-me a caminhar sem saber bem para onde vou, pensando sempre na alternativa que talvez devesse ter seguido, nas escolhas e no modo correcto de as fazer. Sempre cheia de dúvidas. Tenho muitos medos. Não tenho a certeza do que fazer, excepto no meu trabalho, que é a área em que tenho... menos dúvidas. Na minha vida pessoal sou do tipo acidental. Levada por um forte espírito de contradição em relação a tudo o que me surge pela frente. No entanto, sei o que quero e quem quero. Mas é tão difícil chegar lá com a companhia perfeita, viva e sem magoar ninguém pelo caminho. Sempre fui muito cuidadosa com as minhas palavras e acções. Durante muitos anos coloquei sempre o trabalho em primeiro plano. Ainda bem que o fiz, senão não te teria conhecido. Mas agora que te vejo, sei que não posso dar-me ao luxo de te deixar ir embora. E não consigo suportar a ideia de que faças os mesmos erros que fiz.

Sabes? Por vezes sinto-me mais jovem por dentro. Não sou uma trintona a sério. Estou a amolecer em muitos aspectos, a ficar mais compreensiva. Costumava ser mais egoísta e tendente a gerir tudo de acordo com “o que está certo”. Isso é uma valente treta. Isso não é viver. Se assim fosse, não poderíamos sentir, entender ou pressentir. A vida é muito mais do que um conjunto de rotinas, mais do que actos e viagens. A vida deve ser partilhada com alguém de quem gostamos. Alguém que nos completa, que gosta de nós, mesmo nos dias maus. Alguém que nos dê espaço e tempo quando precisamos, e que depois nos acolha com um grande abraço, um terno beijo, ou mesmo (o melhor) um olhar compreensivo. Alguém que sabe com que dedo tocar a nossa mão, no momento certo, no lugar certo, no sentimento certo.

Toda esta confusão sou eu. Falta-me uma parte essencial de mim... que és tu! Até à vista.




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quinta-feira, 9 de abril de 2009

Texto Intratável de Hoje - "Primeira Carta do Sonho ao Fantasma"

Primeira Carta do Sonho ao Fantasma

Não sei como raio conseguiste atravessar a minha muralha defensiva, mas conseguiste. Quando começamos a trabalhar juntos, espantei-me contigo. Parecia que tinha caído algo dos céus. Então tive medo. Pensei ser demasiado velha para tais emoções. Pensei que eras só simpático, como costumas ser. Quando fomos rezar, arrastei-te porque senti que precisavas de paz. Então perguntaste-me “Tu também precisavas, não é?” Somente sorri. Pois era verdade. Continuo a perguntar a Deus o que fazer desde esse instante. Recordas-te que pousei a carteira entre nós dois? Se não o tivesse feito, ter-te-ia agarrado a mão, e não tinha permissão para isso.

Depois viajaste. Adorei receber as tuas mensagens dizendo “Gostava que estivesses aqui comigo”. Voltaste, saímos para jantar. Nunca na minha vida eu tinha esperado uma hora por um homem! E nunca antes eu senti tanto o desejo de subir ao teu apartamento. Foi como se uma trovoada se abatesse sobre mim, com relâmpagos e choques elevando-me para as nuvens e voltando a deixar-me com os pés assentes na terra firme. Apaixonei-me por ti nesse momento. Senti que te conhecia há séculos. E parecia que sentias o mesmo. Decerto não foi a cerveja, ou foi?

Clandestinos durante uns dias, até que conseguimos tomar café. Tu sempre a fugires de algo que eu não entendia completamente. Sempre ocupado a partir de então. Convidaste-me a ir a tua casa. Ansioso ao telefone. Eu feliz por conseguir deixar a reunião mais cedo.

Eu andava preocupada por não atenderes o telefone ou ligares.
Quando me abriste a porta, algo estava errado. Nem um beijo. Parecias tão distante. Sentaste-te na tua cama como se eu estivesse a... incomodar ou a intrometer-me. Isso foi a 29 de Outubro. Parecias cansado e constantemente a dizer que estavas cheio de sono. Então o teu telefone tocou e saíste para atender.

Pensei e voltei a pensar e algo não bate certo. O que se passa? O que não me disseste? É por ser mais velha que tu? É por ter a profissão que tenho? Sei que não sou uma estampa, mas aquilo que disseste e fizeste a partir do dia em que tomamos café não liga com o que disseste e fizeste antes. Parecias tão encantado e apaixonado por mim. Achas que quero fazer tudo numa semana? Bem, não quero. Gosto de viver as coisas de verdade e com calma. Porque estavas quase a chorar? Entrei em pânico. E ainda estou. Tenho andado a fazer o papel que me compete, tal como uma actriz durante todo o dia, mas no meu tempo livre não consigo prestar atenção a nada que me cerca. Algo está errado.

Posso entender que foste levado por um impulso e depois te arrependeste. Mas não posso suportar que alguém te tenha virado as ideias, mesmo indirectamente, fazendo-te crer que tudo seria complicado. Odeio que se intrometam na minha vida privada. Sei que um dia vais deixar esta cidade, mas ainda não o fizeste. Não quero ser um obstáculo para ti, tal como te disse naquela noite. Não sou eu a liderar o caminho, isso é contigo.

Neste momento que escrevo, não sei se estou a ser extremamente ridícula por te voltar a dizer que te adoro e te quero. Mas é verdade. E farei tudo o que for necessário para que tudo seja seguro, para não te abafar ou tornar-me numa âncora.

Também me passou pela cabeça (que parece a Quinta Avenida) que tu, sendo tão educado e humilde nas tuas atitudes, estivesses terrivelmente assustado comigo. Deixa-te de coisas. Não tens orgulho do teu trabalho? Olha, eu tenho. E tenho também orgulho de conhecer um homem como tu, que não teme o trabalho, o sacrifício, que ajuda toda a gente excepto a si mesmo, nunca diz não e ainda consegue dar um sorriso a qualquer criatura estúpida que lhe apareça à frente. Eu gostava de ser assim. Gostava de poder partilhar um pouco do teu tempo. Não se trata de sexo. Isso não me chega. Senti de repente que queria agarrar-te, e ainda sinto, e provavelmente vou continuar a sentir isso por muito tempo.

Não sou mais que tu. Muitos dias começam com aquele sentimento horrível “Oh não. Outro dia estúpido!” Foi diferente sonhar contigo, com o que poderíamos fazer juntos. Coisas simples. As mais bonitas. Foi lindo encontrar uma frase romântica no meu telefone. E agora isso acabou. Algo está errado. Por favor, diz-me a verdade. Entendo que estás sempre muito ocupado. Se é esse o problema deixa-me estar a teu lado e apoiar-te. Posso esperar, só preciso de saber o que esperar. E não preciso de ser tratada como uma princesa. Sou só uma miúda, repentinamente apaixonada por um tipo demasiado cauteloso com os outros.
Estou certa?
Adoro-te.
Posso?


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terça-feira, 7 de abril de 2009

Texto Intratável de Hoje - "Carta do Fantasma ao Sonho"

Carta do Fantasma ao Sonho

Outubro de 2003


Pensei que sabia quem era.
Foram os teus olhos que me acordaram de um triste sono sem sorriso algum. Deixei para trás uma existência vaga. Respirei um ar inundado pelo teu sorriso. Fez-me cócegas na alma, e desde então não paro de sorrir. Sempre que lembro o teu peito forte e calmo, de um calor tão grande, que me abraça e abriga, estremeço.

Sonho contigo, com o teu abraço, que me dá a força que ainda não tenho. Não aprendi ainda a ser forte, ensinaste-me logo, desde o instante em que o teu riso passou por dentro de mim, a ser calmo.
Sonho de novo, acordo a pensar, será que é hoje que te vou amar?

Os medos que tens não são teus. E isso demonstra a mulher que és. Não temas por mim, amor, que cuidados muitos já eu tomei, e por isso tão triste fiquei.
Não fujas de ti, não deixes escapar o sonho. Por vezes ele chega e senta-se connosco no banco do jardim. Mas nós não reparamos. Pegamos nos sacos cheios de nada e corremos até onde ninguém nos manda. Lá chegamos e... nada. Não era ali, o sonho não está.
Recordamos então, numa vaga lembrança, um espectro sonhado que ficou lá no fundo da memória.
Damo-nos conta do que perdemos e, por vezes, choramos. Eu não tenho mais lágrimas. Não choro mais. Perdi muito, mas encontrei-te.

Sou egoísta?
Por querer o Mundo todo para nós dois? Ou por querer que o tempo pare, perpetuando o nosso abraço?
Penso que se distingue quem é forte, por não desistir ao primeiro choque. Pode ser ridículo – diriam os outros se soubessem – mas sinto que te amo. O que penso? Não penso. O amor sente-se e... nada mais.

Conheço coisas de ti que chegam a assustar-me, pois não sei onde ou quando as soube. Quero-te agora e para sempre, pois não faço nada por menos. Contigo não há momentos, há vida. A vida só interessa se for vivida e saboreada a cada instante, no doce, no amargo, no salgado e no indigesto. A vida é uma refeição completa, não se pára a meio. Provamos agora os aperitivos? Continuemos até à sobremesa, meu amor.
Posso ser egoísta, mas o meu cesto de piquenique é para dois, para ti e para mim. Por esta ordem.

Os teus abraços transformaram-se na minha âncora; a tua mente na minha bússola; teus beijos nas minhas velas. Agora estou à deriva num imenso oceano.

Seria feliz se pudesse ver contigo... o sol, as árvores, os passarinhos, o pôr-do-sol e as estrelas. Seria o homem mais terno se contigo partilhasse a alvorada.




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sexta-feira, 3 de abril de 2009

Texto Intratável de Hoje - "Primeira Carta ao Fantasma"

Primeira Carta ao Fantasma

24 de Fevereiro de 2003


Olá Bruno.
Mas que raio se passa contigo? Noto que tens medo, parece que estás a tentar evitar o que deves fazer. Estás há anos com ela. Não podes simplesmente desligar. Eu não sei o que se passa exactamente, pois não me diz respeito, e mesmo que dissesse, provavelmente não saberia na mesma. Levei tanto tempo a arrumar a história que agora tenho medo de baralhar tudo de novo.

Porque não dizes o que pensas realmente? Espero que queiras só fazer o que eu quis – arrumar tudo o que está para trás. Neste momento não posso gostar de ti. Sofreríamos de novo. Acho que não mudaste nada. Tens sempre medo de dividir com alguém o teu coração. Manténs sempre essa distância gélida e superior. Pareces muito romântico, mas faltam-te sempre os alicerces. Depois cais na realidade. Claro que há muitas facetas que aprecio em ti. Continuo a sentir-me muito à vontade. Acho que isso se deve, não ao tempo que durou a relação, mas sim à intensidade (em algumas coisas, nomeadamente quanto à conversa) que ela teve. Mas não te esqueças que nunca confiaste em mim, ou pelo menos, foi isso que me fizeste saber.

Eu não quero dividir a minha vida com um companheiro ausente. Essa situação e eu mesma exigiríamos demasiado de ti. E se bem te conheço, só resultaria nos primeiros tempos. Contudo, o modo como falas e as coisas que dizes podem mostrar algum arrependimento, uma vontade de repetir…não, de tentar de novo.

Sabes que, para isso acontecer, teria de haver um compromisso diferente? Entre nós e com os outros. Cheguei a um ponto em que sou capaz de romper para ser feliz. Não acho normal continuares a ligar-me há quase dois anos, sempre com a mesma queixa “Não sou feliz”. Precisas de mim para seres feliz? Precisas que te diga alguma coisa que ainda não disse? Precisas que te empurre? Ou precisas que te abrace?

A tua namorada não vai gostar nada, nem de desconfiar que continuas a falar com as ex-namoradas assim, nem de recuares, caso o faças. Mas que maçada, se continuas assim, ainda me levas a pensar de mais no caso.

Isso não é bom para ninguém. Lembra-te que as paixões acabam. O gostar dura e dura e dura.

Nós tivemos uma paixão. Só.




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Texto Intratável de Hoje - "Quinta Carta ao Anjo"

Quinta Carta ao Anjo

13 de Fevereiro de 2003

Foste muito parvo e injusto. Tem uma boa vida, Anjo desasado.


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