domingo, 22 de agosto de 2010

RESUMO (14)

Só mais um bocadinho para o vosso regresso de fim-de-semana, hoje sem comentários:

IPO / DESPEDIDA

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Entretanto, no dia 13 de Fevereiro, às 08:30, lá estava eu no IPO para fazer análises, raio-X, e para ter a minha primeira consulta de Oncologia Médica com o doutor E.J.

Na radioterapia concluíram que o risco era demasiado elevado. Entretanto eu tinha desenvolvido dois nódulos, e por isso, no dia seguinte fiz uma ressonância magnética. Fiquei triste, por não conseguir dormir durante o exame. Já me estava a habituar a dormitar nas TACs, para não pensar muito. Mas neste não dava.

Mais uma vez, aterrei numa coisa parecida com uma passadeira da caixa do supermercado. E fui de emergência novamente.

Pelo meio ia dando as aulas que conseguia, nos intervalos da minha nova vida de doente crónica, aliás oncológica com recidiva.

No dia 14 de Fevereiro apareceu o meu cartão do SNS com um “T”. Mais de um ano depois da minha pneumectomia, o cartão apareceu. Que vergonha, por acaso ainda não tinha morrido.

No dia 15 houve duas coisas que me abanaram um pouco mais.

A cara do meu pai a assinar o documento do banco que o transformava em titular das minhas contas. Eu teimava, de um modo muito ligeiro que depois podia ser preciso algo e estar com pontos e tal… mas ele sabia porque razão eu queria que ele fosse titular. Via nisso um fim de algo, de que eu me apercebia e em que ele não queria pensar.

A outra foi que terminei o meu trabalho na escola pelas 15:30. A direcção sabia que seria assim. Estavam todos disponíveis. Esperei meia hora para me despedir da directora da escola. Estava no seu gabinete com a coordenadora pedagógica, de porta aberta, e viam as pessoas que vagueavam na sala de espera. Era aí que eu estava, depois de me fazer anunciar, e ser informada que “seria já recebida”. Sentei-me junto á máquina da água. Só me faltava uma senha com número na mão, para ficar semelhante ao centro de saúde.

Sexta-feira á tarde. O tempo a passar…meia hora. Desisti. Despedi-me da recepcionista e saí. Nunca mais lá voltei. Enviei um mail dizendo que tinha estado á espera. Não tive resposta. Assim sendo, tudo o resto, documentos e cópias autenticadas que me eram devidas, foi tudo tratado por correio registado, com aviso de recepção.

Desde Outubro de 1993, em que fui bem recebida, até 15 de Fevereiro de 2008, esquecida numa cadeira de uma sala de espera. Que o Universo corrija isto, por favor, e dê uma lição de tamanho adequado àquelas duas criaturas.

No dia 21, quinta-feira, tive consulta de Cirurgia no IPO, com direito a passagem por várias secções, para fazer todos os exames necessários á cirurgia.

Entretanto, além disto tudo, era necessário tratar dos animais na aldeia e lá fomos. Para ajudar, as hérnias discais do meu pai também atacaram nestes dias, levando-o à cama, sem poder andar. Ficou a chorar por não poder levar-me ao IPO, na preparação para a cirurgia.

Essa parte foi fácil. Dei entrada às 09:00 da manhã de terça-feira, dia 26, fui operada no dia seguinte e tive alta na sexta-feira, 29, indo para casa com uns analgésicos. Com pensos para fazer pelo meio de visitas, nasce a filhota de uma amiga minha, que mais tarde havia de visitar.

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Um abraço

O pai Bártolo

4 comentários:

sideny disse...

Olá Sr. Bártolo

Lá vou eu ser mázinha.

A essas pessoas devia acontecer-lhes um susto para saberem como é.
Nâo devem ter coraçâo.
Ainda hoje quando tenho que fazer um tac, fico com um nervoso miudinho(grande) mete respeito aquela máquina.

Anónimo disse...

Pois é Sdeny. Comentários para quê. Essas pessoas bem mereciam um susto, só de um terço do que passamos, poderia ser que amansassem...
Beijinhos
O pai Bártolo

Branca disse...

OLà Pai Bártolo,

Acalmadas as mudanças que por aqui têm andado e o estado de espírito é com muita comoção que li este texto.

Infelizmente o mundo do trabalho é cada vez mais egoísta e cruel, mas estas atitudes aqui expressa não têm qualificação, não têm mesmo. Há pessoas com uma falta de formação que não cabe na classificação dos seres humanos.
NO entanto acredito que tudo se vem a pagar neste mundo, tudo que semeamos colhemos, mau ou bom.

Mais uma vez gostei de ler a Susaninha e foi como se estivesse a ouvir a voz meiguinha dela e as lágrimas afloraram-me aos olhos.
Até já, vou ler o post seguinte para me pôr em dia.

Beijinhos para vós
Branca

Anónimo disse...

Olá de novo Tia
Olhe hoje andei ao contrário, comecei no outro post. Mas tenho que lhe pedir desculpa por só agora vir aqui. É que como verá andamos a vaguear por outras paragens e embora já tivesse visto não tive tempo...
Pois, há coisas, e não pessoas, assim. Não lhes posso fazer nada...
Beijinhos
O pai Bártolo