quarta-feira, 21 de julho de 2010

RESUMO (5)

Antes de continuar esta publicação da quarta parte de RESUMO, ”passei” pelos vários blogues que a Susana estava a seguir e dois sentimentos contraditórios me assolaram: fiquei contente por a MAGUIE estar a reagir muito melhor e vai-lhe correr tudo bem. Por outro lado ao GIORGIO peço que não desanime, vai correr tudo muito bem, vai ver. É que nós habituamo-nos a estes nossos amigos e não gostamos de passar

sem eles.

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5 – CUIDADOS INTENSIVOS

Na quinta-feira seguinte, chegaram mais dois operados: um senhor dos Açores e outro de Vila Real (este já falecido no momento em que escrevo).

Nesse mesmo dia vi entrar o padre com um livro na mão e a morfina falou por mim: “Se é para me dar a extrema-unção pode ir andando”. Soube mais tarde que, além de ser o capelão daquele hospital, é agora o padre da freguesia onde “vivem” os meus pais, nasceu no mesmo dia que eu e é refilão quanto baste para ser um dos meus amigos. Claro que, depois, já em estado normal, conversei com o senhor padre e tudo ficou bem. Devo dizer também que por acaso ele achou graça.

Tive também direito a visita do médico que me assistia na equipa do médico de família. Ele acha ainda hoje que foi o mensageiro triste da notícia, como se tivesse culpa. Eu acho que se não fosse ele, eu não teria continuado os exames depois da TAC. Se ele não me tivesse explicado o que explicou, de modo que eu entendi, eu não teria durado o que durei. Pelo menos até agora, certo?

Ao quarto dia, sábado, 6 de Janeiro, os senhores enfermeiros convidaram-me a levantar-me para tomar duche. Ora bem, até esse dia já me tinham dado banho na cama, porque eu tinha uma sutura com direito a quarenta e tal agrafos, do lado esquerdo, no torso, desde a mama até á margem da coluna. O braço não levantava, a mão mexia e apertava o tal comando da “morfina”. Eu não conseguia erguer-me da cama, ou fazer qualquer movimento de torção. O cirurgião, não me recordo bem em que dia, mas provavelmente muito perto antes deste sábado, chegou até mim, começou a conversar e vai daí puxa o tubinho do dreno. Acho que foi o maior “Ah” que gritei na vida. Fiquei a falar melhor. Estava desconfiada da presença de dois enfermeiros, mas percebi logo tudo. A enfermeira voou para o armário dos medicamentos e de volta em direcção á minha coxa. O cirurgião bem que apertava o comando, mas não havia morfina para ninguém: a máquina tinha encravado! Mas a abençoada “petidina” já lá estava. O outro enfermeiro estava já a fechar a laçada do ponto do dreno. Tinham tentado fazer a coisa pelas calmas, mas a maluca da bomba estragou o plano. Foi caricato, o cirurgião apanhou-me distraída. É claro que, lá bem no fundo lhe chamei um chorrilho de nomes feios que já nem me lembro.

O melhor banho da minha vida, porque foi o mais agradável e sereno, foi a enfermeira A.B. e um estagiário que mo deram. Com direito a champozinho e tudo! Tudo doía se mudasse de posição, lá me iam dando a medicação: antibiótico e analgésico. Mas lá que doía, doía.

Por hoje é tudo

Beijinhos e abraços

O pai Bártolo

7 comentários:

sideny disse...

Olá Sr. Bártolo

Como eu me revejo neste texto.

Como foi bom tomar banho de chuveiro na casa de banho ao fim de 5 dias,depois de estar presa a uns tubo que iam directos do plumâo ligados a um aspirador.

E como foi doloroso tira-los se foi logo a seguir ter as fisioterapeutas a fazer massagens para fazer o plumâo funcionar .
Também lhe chamei alguns momes bem feios mas baixinho.
È uma ciruguia que têm um pos operatorio bastante doloroso.
Tive uma boa equipa , a qual estou bastante agradecida.
Um senhor que foi operado depois de mim ,com o qualnós fizemos varias secçoês de massagens para o plumâo expandir, faleceu depois de fazer quimio e radioterapia. para meu desgosto.
Desculpe o meu desabafo, Sr. Bártolo mas revejo-me bastante neste textos da Susana.
Desculpe.

Beijinhos para si e sua esposa
E tudo de bom para vós

manuela baptista disse...

Pai Bártolo

na partilha dos escritos da sua filha

não se sinta só!

eu passo sempre por aqui, mas muitas vezes não sei o que dizer,

sinto-me muito pequena, apesar de medir 1:70m e inútil...

corajosa é a Sideny!

mas uma coisa retenho

no meio de tanto sofrimento há sempre alguém carinhoso que nos anima ou dá um banho com paciência e um shampô bem cheiroso!

a maioria das pessoas é bonita, pai Bártolo!

um abraço

Manuela

. intemporal . disse...

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. e hoje,,, no dia em que o Tiago está já junto da Susana, sob o olhar de Jesus, não podia deixar de vir aqui abraçá-lo .

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. carinhosa.mente .

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. porque se Deus os levou muito mais cedo, se os quis na Sua companhia,,, é porque são grandes, como grandes são todos os homens e todas as mulheres que tanto sofreram para alcançar a vida eterna .

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. paulo .

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Branca disse...

Pai Bártolo,

Venho só trazer um Bom dia, logo volto para explicar porque estes dois últimos dias não tenho aparecido, mas pode crer que não me esqueço. Ando a tratar de umas formalidades e umas mudanças complicadas que me levam muito tempo e cansaço.
Volto logo para ler e comentar tudo o que aqui a Susana e o senhor nos contam.

Agora vou trabalhar.
Beijinhos para si e para a mãe São.
BRAnca

Nela disse...

Pai Bártolo, Grande Pai Bártolo...
Cheguei aqui através de uma amiga que, tal como eu, acompanhou o breve blog do Tiago Alves.
Disse ela que eu teria para si as palavras que ela queria ter e não foi capaz de encontrar...
Mas não tenho. Nem preciso. Já vi!
Li o blog todo até Maio deste ano - ou seja, li tudo o que foi escrito pela Susana. Tal pai, tal filha (e mãe, com certeza) - Grandes, todos!

Sabe o que me deixa muito feliz ao ler isto (entenda-se o contexto em que utilizo a palavra feliz...)? Sentir a Paz. A sua Paz.
Também eu fui doente oncológica (gosto de dizer que fui, não vá o malvado estar com ideias...) e acompanho doentes através de uma associação que fundei com mais 2 pessoas - o Projecto Luz. E vocês (todos vocês - os pais e a Susana) tiveram e têm uma tremenda lição a dar. Não sei se lhe chamo aceitação, mas é ausência de amargura, com certeza. E isso é tão bom... Vi a sua disponibilidade para apoiar a família do Tiago e isso é tão tocante.

Agradeço-lhe ter continuado o blog da Susana. Ela queria isso e todos nós beneficiamos com essa sua "terapia".

Obrigada! Muito obrigada, grande pai!

Anónimo disse...

Obrigado a todos pelo vosso apoio.
Não sou heroi nenhum, sou e procurei ser apenas um pai, só um pai. Ao longo da minha vida profissional via muitos "pais" que o não souberam ser...
O Tiago foi nosso vizinho no lugar onde agora voltamos a viver. Ele, com os pais, foram para lá pouco tempo antes de nós termos regressado a Coimbra para tratar/acompanhar a Susana. Conhecemo-nos, como já referi, apenas de vista. Tal bastou para gostar muito dele, pela sua amabilidade e carinho com que cumprimentava as pessoas, mesmo as desconhecidas, contrariamente ao que via por lá. Se calhar nós é que estamos ali deslocados. Obrigado ao pai H. por ter tido um filho assim.
À Tia Branca: não se preocupe, se vir que demora muito telefono-lhe a chamar à atenção ihihih...
Vou tentar continuar a publicar os textos, mas como estou numa zona interior, muitas vezes não tenho rede/sinal sufiente poara mexer esta coisa. Vou ver se aproveito enquanto estou na praia, mas aqui há outra coisas para fazer. NADA disso: não é esticar ao sol...até por que o não devo fazer por causa do grilo...
Um abraço e beijos para todos
O pai Bártolo

Branca disse...

Voltei aqui, para retomar os resumos onde os deixei.
Voltei e fico sempre a pensar em tudo que a Susana escreveu e como às veses disfarçava para nós.

Passo ao seguinte.
Beijinhos Pai Bártolo e obrigada.
Tia Branca