Antes de continuar esta publicação da quarta parte de RESUMO, ”passei” pelos vários blogues que a Susana estava a seguir e dois sentimentos contraditórios me assolaram: fiquei contente por a MAGUIE estar a reagir muito melhor e vai-lhe correr tudo bem. Por outro lado ao GIORGIO peço que não desanime, vai correr tudo muito bem, vai ver. É que nós habituamo-nos a estes nossos amigos e não gostamos de passar
sem eles.
.
5 – CUIDADOS INTENSIVOS
…
Na quinta-feira seguinte, chegaram mais dois operados: um senhor dos Açores e outro de Vila Real (este já falecido no momento em que escrevo).
Nesse mesmo dia vi entrar o padre com um livro na mão e a morfina falou por mim: “Se é para me dar a extrema-unção pode ir andando”. Soube mais tarde que, além de ser o capelão daquele hospital, é agora o padre da freguesia onde “vivem” os meus pais, nasceu no mesmo dia que eu e é refilão quanto baste para ser um dos meus amigos. Claro que, depois, já em estado normal, conversei com o senhor padre e tudo ficou bem. Devo dizer também que por acaso ele achou graça.
Tive também direito a visita do médico que me assistia na equipa do médico de família. Ele acha ainda hoje que foi o mensageiro triste da notícia, como se tivesse culpa. Eu acho que se não fosse ele, eu não teria continuado os exames depois da TAC. Se ele não me tivesse explicado o que explicou, de modo que eu entendi, eu não teria durado o que durei. Pelo menos até agora, certo?
Ao quarto dia, sábado, 6 de Janeiro, os senhores enfermeiros convidaram-me a levantar-me para tomar duche. Ora bem, até esse dia já me tinham dado banho na cama, porque eu tinha uma sutura com direito a quarenta e tal agrafos, do lado esquerdo, no torso, desde a mama até á margem da coluna. O braço não levantava, a mão mexia e apertava o tal comando da “morfina”. Eu não conseguia erguer-me da cama, ou fazer qualquer movimento de torção. O cirurgião, não me recordo bem em que dia, mas provavelmente muito perto antes deste sábado, chegou até mim, começou a conversar e vai daí puxa o tubinho do dreno. Acho que foi o maior “Ah” que gritei na vida. Fiquei a falar melhor. Estava desconfiada da presença de dois enfermeiros, mas percebi logo tudo. A enfermeira voou para o armário dos medicamentos e de volta em direcção á minha coxa. O cirurgião bem que apertava o comando, mas não havia morfina para ninguém: a máquina tinha encravado! Mas a abençoada “petidina” já lá estava. O outro enfermeiro estava já a fechar a laçada do ponto do dreno. Tinham tentado fazer a coisa pelas calmas, mas a maluca da bomba estragou o plano. Foi caricato, o cirurgião apanhou-me distraída. É claro que, lá bem no fundo lhe chamei um chorrilho de nomes feios que já nem me lembro.
O melhor banho da minha vida, porque foi o mais agradável e sereno, foi a enfermeira A.B. e um estagiário que mo deram. Com direito a champozinho e tudo! Tudo doía se mudasse de posição, lá me iam dando a medicação: antibiótico e analgésico. Mas lá que doía, doía.
…
Por hoje é tudo
Beijinhos e abraços
O pai Bártolo
7 comentários:
Olá Sr. Bártolo
Como eu me revejo neste texto.
Como foi bom tomar banho de chuveiro na casa de banho ao fim de 5 dias,depois de estar presa a uns tubo que iam directos do plumâo ligados a um aspirador.
E como foi doloroso tira-los se foi logo a seguir ter as fisioterapeutas a fazer massagens para fazer o plumâo funcionar .
Também lhe chamei alguns momes bem feios mas baixinho.
È uma ciruguia que têm um pos operatorio bastante doloroso.
Tive uma boa equipa , a qual estou bastante agradecida.
Um senhor que foi operado depois de mim ,com o qualnós fizemos varias secçoês de massagens para o plumâo expandir, faleceu depois de fazer quimio e radioterapia. para meu desgosto.
Desculpe o meu desabafo, Sr. Bártolo mas revejo-me bastante neste textos da Susana.
Desculpe.
Beijinhos para si e sua esposa
E tudo de bom para vós
Pai Bártolo
na partilha dos escritos da sua filha
não se sinta só!
eu passo sempre por aqui, mas muitas vezes não sei o que dizer,
sinto-me muito pequena, apesar de medir 1:70m e inútil...
corajosa é a Sideny!
mas uma coisa retenho
no meio de tanto sofrimento há sempre alguém carinhoso que nos anima ou dá um banho com paciência e um shampô bem cheiroso!
a maioria das pessoas é bonita, pai Bártolo!
um abraço
Manuela
.
. e hoje,,, no dia em que o Tiago está já junto da Susana, sob o olhar de Jesus, não podia deixar de vir aqui abraçá-lo .
.
. carinhosa.mente .
.
. porque se Deus os levou muito mais cedo, se os quis na Sua companhia,,, é porque são grandes, como grandes são todos os homens e todas as mulheres que tanto sofreram para alcançar a vida eterna .
.
. paulo .
.
Pai Bártolo,
Venho só trazer um Bom dia, logo volto para explicar porque estes dois últimos dias não tenho aparecido, mas pode crer que não me esqueço. Ando a tratar de umas formalidades e umas mudanças complicadas que me levam muito tempo e cansaço.
Volto logo para ler e comentar tudo o que aqui a Susana e o senhor nos contam.
Agora vou trabalhar.
Beijinhos para si e para a mãe São.
BRAnca
Pai Bártolo, Grande Pai Bártolo...
Cheguei aqui através de uma amiga que, tal como eu, acompanhou o breve blog do Tiago Alves.
Disse ela que eu teria para si as palavras que ela queria ter e não foi capaz de encontrar...
Mas não tenho. Nem preciso. Já vi!
Li o blog todo até Maio deste ano - ou seja, li tudo o que foi escrito pela Susana. Tal pai, tal filha (e mãe, com certeza) - Grandes, todos!
Sabe o que me deixa muito feliz ao ler isto (entenda-se o contexto em que utilizo a palavra feliz...)? Sentir a Paz. A sua Paz.
Também eu fui doente oncológica (gosto de dizer que fui, não vá o malvado estar com ideias...) e acompanho doentes através de uma associação que fundei com mais 2 pessoas - o Projecto Luz. E vocês (todos vocês - os pais e a Susana) tiveram e têm uma tremenda lição a dar. Não sei se lhe chamo aceitação, mas é ausência de amargura, com certeza. E isso é tão bom... Vi a sua disponibilidade para apoiar a família do Tiago e isso é tão tocante.
Agradeço-lhe ter continuado o blog da Susana. Ela queria isso e todos nós beneficiamos com essa sua "terapia".
Obrigada! Muito obrigada, grande pai!
Obrigado a todos pelo vosso apoio.
Não sou heroi nenhum, sou e procurei ser apenas um pai, só um pai. Ao longo da minha vida profissional via muitos "pais" que o não souberam ser...
O Tiago foi nosso vizinho no lugar onde agora voltamos a viver. Ele, com os pais, foram para lá pouco tempo antes de nós termos regressado a Coimbra para tratar/acompanhar a Susana. Conhecemo-nos, como já referi, apenas de vista. Tal bastou para gostar muito dele, pela sua amabilidade e carinho com que cumprimentava as pessoas, mesmo as desconhecidas, contrariamente ao que via por lá. Se calhar nós é que estamos ali deslocados. Obrigado ao pai H. por ter tido um filho assim.
À Tia Branca: não se preocupe, se vir que demora muito telefono-lhe a chamar à atenção ihihih...
Vou tentar continuar a publicar os textos, mas como estou numa zona interior, muitas vezes não tenho rede/sinal sufiente poara mexer esta coisa. Vou ver se aproveito enquanto estou na praia, mas aqui há outra coisas para fazer. NADA disso: não é esticar ao sol...até por que o não devo fazer por causa do grilo...
Um abraço e beijos para todos
O pai Bártolo
Voltei aqui, para retomar os resumos onde os deixei.
Voltei e fico sempre a pensar em tudo que a Susana escreveu e como às veses disfarçava para nós.
Passo ao seguinte.
Beijinhos Pai Bártolo e obrigada.
Tia Branca
Enviar um comentário