sábado, 29 de agosto de 2009

Estou tão feliz!





Quando notei que tinha um caroço no ombro direito, em Novembro de 2007, partilhei isso em voz muito baixinha com uma colega e amiga. Foi em voz baixinha porque estávamos a usar os computadores da sala de professores, lado a lado, e não queríamos a nossa vida particular a bailar por um ambiente que àquela data não era famoso.





O problema foi quando ela me disse que tinha encontrado um na mama direita. Peço desculpa se ofendo alguém, mas é assim que digo: mama.



Lá que houvesse recidivas em mim, pronto, não gostava da ideia, mas assustei-me com ela, com o facto de ter notado algo que não devia, por ainda não ter feito 30 anos sequer, por ter tudo por fazer ainda. A minha mente saltou de fotograma em fotograma, calculando o pior.



Estava a ser seguida pela sua médica, e iria fazer uma mamografia, mas faltavam duas semanas, o que para mim era uma eternidade. Da mamografia passou para biópsia com agulha, que foi um pouco difícil. A massa a “espetar” era bastante dura. As notícias vieram e…era maligno.





A R. tinha acompanhado tudo o que se passara comigo até àquela altura. Disse-me um dia: “Agora é que começo a perceber algumas das coisas que tu dizias.” Eu preferia que ela não tivesse percebido. Passou imenso tempo a fazer isto tudo.



Fez ainda TACs e uma PET, que acompanhei, para evitar a seca dos pais ou da irmã. Eles iam ter muito trabalho depois. A R. Mantinha-se serena, de uma força enorme, que muitas vezes me levantou do chão, com um optimismo, como se tivesse marcado na agenda ter um cancro, curá-lo e voltar á vida normal.



Fez mastectomia direita em Outubro de 2008, radioterapia com muitas dores e pele queimada, quimioterapia, transfusões, antibiótico por causa do cateter semi-implantável, febre, enjoos, vómitos, bolhas na língua e boca. Tudo o que fosse doloroso tinha de a atacar pelo menos um ou dois dias!



Ligou-me na quarta-feira passada, desconfiada que lhe iam tirar o cateter. Tinha dado entrada por fazer febre de novo, e estava a fazer uma mistura bombástica de antibiótico (Tanto que ela tomou!). Passou uma semana inteirinha no hospital. (Ela frequenta outro).
Tiraram o cateter, sim.



O médico conversou com ela e … disse-lhe para ir trabalhar.


Está livre.


A minha R. querida está livre, não há mais tratamentos, há revisões, há médico ginecologista onde deve ser seguida, mas pode ir á vida dela.





Afinal deu certo. Entretanto fez 30 anos, que não foi uma fase famosa. E fez recentemente 31. Teve uma semana linda.





Foi ontem para casa, espero que tenha dormido bem esta primeira noite de uma vida limpinha de fresco.
Os pais estão eléctricos, tal como a irmã e o namorado. Poderá continuar o rumo dela.
E eu, pelo menos, e sei que vós também, mesmo sem a conhecer estarão a torcer por ela.

Obrigada R. por me teres feito olhar as estrelas quando precisei. Há poucas pessoas como tu.














*****

2 comentários:

Branca disse...

Mais uma vez, piegas como sou me veio uma lágrima aos olhos, choro também com as vitórias da vida sobre a adversidade e com a ternura, a tua. Que bom saber-te feliz e quem é feliz pelos outros merece o céu e acaba por o ter...
Lembro-me de falares aqui da tua amiga, se é que é a mesma e creio que sim, lembro-me há muitos posts atràs quando soubeste da situação dela e vivi isso contigo, por essa razão tenho que me alegrar também.
Um beijinho enorme para a tua amiga e outro para ti, que Deus lhe reserve dias muito felizes.
E tu miúda, aproveita bem o sol deste fim de semana, para a semana falaremos concerteza de coisas boas, de progressos e de como afinal mesmo na adversidade há dias de muita luz, como este e outros que se seguirão.
Beijinho enorme.

sideny disse...

Olá

Parabéns á amiga, pela sua vitoria.

Quando se fecha uma janela, abre-se sempre uma porta(grande).

Que continue feliz.

beijinho:))