Carta de Ana a Beatriz
Olá amiga.
A Joana veio cá a casa na semana passada. Pareceu-me estar bem. Não lhe fiz perguntas, para não a magoar, mas não sei se ela precisava de falar ou não. Nunca acerto nestas coisas.
E tu, Beatriz? Como vais? Há duas semanas fui à tua escola e procurei-te, mas não estavas lá. Então achei melhor contar-te uma coisa. Lembras-te da história da Joana com o tal Anjo? Pois… e lembras-te da M.? Contaram-me, e não sei se é mesmo verdade, que ela lhe deu com os pés quando ele ficou desempregado. Parece que só queria motorista e jantares à pala. Ah, pois. Acreditas que há mesmo mulheres assim, Beatriz? Eu fiquei gelada.
Ora bem, eu não queria que a Joana se magoasse outra vez e nem lhe contei. Mas a Nela disse-lhe. O curioso é que a Joana não ficou nada admirada. Acho que ela soube que tipo de mulher era a M., antes do Anjo se aperceber que tinha caído na boca do lobo.
Sabes como é a Joana, de coração grande e perdida por aquele fulano. Ela teima que ele é bom, mas tem azar. Eu não penso assim. Bem, ela não quis falar no assunto, mas sei que se encontraram e conversaram muito. Parece que ele sentiu saudades dela e lhe ligou. A Joana não conseguiu mandá-lo dar uma volta.
Sabes, Beatriz? Acho que a nossa amiga Joana nunca vai deixar de gostar dele. Por mais tentativas que faça, se ele estalar os dedos, ela vai a correr. Por que é que ela não vê isso?
Bem, se estiveres com ela, certifica-te que está bem. Não a queremos ver encharcada em medicamentos outra vez, pois não?
Beijinhos,
Ana
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