terça-feira, 7 de abril de 2009

Texto Intratável de Hoje - "Carta do Fantasma ao Sonho"

Carta do Fantasma ao Sonho

Outubro de 2003


Pensei que sabia quem era.
Foram os teus olhos que me acordaram de um triste sono sem sorriso algum. Deixei para trás uma existência vaga. Respirei um ar inundado pelo teu sorriso. Fez-me cócegas na alma, e desde então não paro de sorrir. Sempre que lembro o teu peito forte e calmo, de um calor tão grande, que me abraça e abriga, estremeço.

Sonho contigo, com o teu abraço, que me dá a força que ainda não tenho. Não aprendi ainda a ser forte, ensinaste-me logo, desde o instante em que o teu riso passou por dentro de mim, a ser calmo.
Sonho de novo, acordo a pensar, será que é hoje que te vou amar?

Os medos que tens não são teus. E isso demonstra a mulher que és. Não temas por mim, amor, que cuidados muitos já eu tomei, e por isso tão triste fiquei.
Não fujas de ti, não deixes escapar o sonho. Por vezes ele chega e senta-se connosco no banco do jardim. Mas nós não reparamos. Pegamos nos sacos cheios de nada e corremos até onde ninguém nos manda. Lá chegamos e... nada. Não era ali, o sonho não está.
Recordamos então, numa vaga lembrança, um espectro sonhado que ficou lá no fundo da memória.
Damo-nos conta do que perdemos e, por vezes, choramos. Eu não tenho mais lágrimas. Não choro mais. Perdi muito, mas encontrei-te.

Sou egoísta?
Por querer o Mundo todo para nós dois? Ou por querer que o tempo pare, perpetuando o nosso abraço?
Penso que se distingue quem é forte, por não desistir ao primeiro choque. Pode ser ridículo – diriam os outros se soubessem – mas sinto que te amo. O que penso? Não penso. O amor sente-se e... nada mais.

Conheço coisas de ti que chegam a assustar-me, pois não sei onde ou quando as soube. Quero-te agora e para sempre, pois não faço nada por menos. Contigo não há momentos, há vida. A vida só interessa se for vivida e saboreada a cada instante, no doce, no amargo, no salgado e no indigesto. A vida é uma refeição completa, não se pára a meio. Provamos agora os aperitivos? Continuemos até à sobremesa, meu amor.
Posso ser egoísta, mas o meu cesto de piquenique é para dois, para ti e para mim. Por esta ordem.

Os teus abraços transformaram-se na minha âncora; a tua mente na minha bússola; teus beijos nas minhas velas. Agora estou à deriva num imenso oceano.

Seria feliz se pudesse ver contigo... o sol, as árvores, os passarinhos, o pôr-do-sol e as estrelas. Seria o homem mais terno se contigo partilhasse a alvorada.




*****

2 comentários:

Branca disse...

Bonita carta do fantasma...ele há fantasmas muito românticos...!
Desculpa a brincadeira, mas eu sei que tu gostas de brincar e continuo a gostar da tua história, do teu puzzle. Espero por mais.

Dá notícias tuas, sim?
Como vais?
Uma Boa Páscoa para ti, desculpa o lugar comum. Não é o meu género e parece que nem o teu, mas de qualquer forma vai ser Domingo de Páscoa e quero que seja bom para ti, como todos os dias que virão, é o que se pretende, não é verdade?
Beijinho grande.
Tia Branca

Anónimo disse...

Eh eh, será que este fantasma é a sério, ou será bom de mais para ser verdade? Pois não sei, vamos vendo. Por aqui andava tudo muito bem, apesar de eu fugir de tudo o que pudesse ser ameaça a poucos glóbulos brancos. Pois ontem a minha temperatura subiu, e agora estou a vigiar. Se isto não for passageiro arrisco-me a uma Páscoa a levar soro e medicação, com direito a estadia. Queria ver se não. Se eu não aparecer por aqui é porque estou a ser "arranjada", sim? Mas volto. A minha preguiça está a ser cada vez maior, deve ser de me sentir cansada, mas tudo passa. Vou deixar mais um pedacinho das minhas maluqueiras.
Mas sempre um grande beijinho á Tia Branca